“Depois destas coisas, atravessou Jesus o mar da
Galiléia, que é o de Tiberíades. Seguia-o numerosa multidão, porque tinham
visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos. Então, subiu Jesus ao
monte e assentou-se ali com os seus discípulos. Ora, a Páscoa, festa dos
judeus, estava próxima. Então, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande
multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para lhes dar
a comer?”
(João 6.1-5)
O interesse pessoal parece ser algo nato aos indivíduos.
Cada pessoa procura estar onde, de certa forma, receberá maiores benefícios. Diante
dessa realidade, podemos concluir que a grande multidão que seguia Jesus estava
ali esperando receber algo pessoal (v.2). Vemos aqui, em um contexto mais amplo, que as grandes multidões seguiam a Cristo
não porque intencionavam assumir um compromisso de fé com Jesus,
mas por interesse próprio.
Contudo,
devemos observar que Jesus não deixou de
fazer o bem por isso, mesmo que os interesses fossem questionáveis. Essa passagem nos ensina a manter a calma
e a paciência quando as pessoas nos rodeiam em busca de algo. A seriedade é o melhor remédio
nessa hora. A pressão da multidão não deve tirar a nossa paz, nem impedir que
façamos o bem. Vejamos os três testes que os discípulos tiveram que
passar junto à multidão que seguia a Jesus.
O primeiro teste foi o de prover alimentação para todos. Ao
ser confrontado com a multidão faminta, Filipe imaginou que a questão pudesse ser o dinheiro
para comprar tanto alimento (v.7). Mas André
encontrou a saída num rapaz, que disponibilizou o
seu pequeno almoço. A solução nem sempre está onde imaginamos. Ao
enfrentarmos um problema aparentemente sem solução devemos entregá-lo a Jesus, pois Ele sabe sempre o que
fazer: “Mas dizia isto para o
experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer” (v.6).
O segundo teste foi afastar-se da multidão. A popularidade de Jesus crescia muito, e os seus discípulos,
que haviam participado ativamente na distribuição dos pães, compartilhavam dessa
popularidade. A proximidade com Jesus os deixava em uma situação privilegiada. Então,
nesse êxtase de glória, Jesus os manda embora, passando da popularidade ao
perigo do mar revolto (v.15-21). Jesus sabia que a
fama para eles seria mais perigosa do que a tempestade.
O
terceiro e último teste foi o de deixar a multidão a refletir
(v.22-25). Geralmente
se busca ao Senhor para satisfazer carências materiais,
e não necessidades espirituais. “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais,
não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes” (v.26). Há uma necessidade maior no relacionamento com Deus, e
as pessoas precisam ser alertadas a esse respeito.
Jesus, então,
alerta a multidão dizendo que devemos trabalhar não pela comida que perece, mas
pela que subsiste para a vida eterna, a qual só Ele pode nos dar (v.27). Os discípulos tiveram
a oportunidade de usufruir dos benefícios da fama,
mas optaram por ficar com Jesus, aprendendo na prática A DIFÍCIL TAREFA
DE LIDAR COM MULTIDÕES.
Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO