sexta-feira, 17 de maio de 2013

A DIFÍCIL TAREFA DE LIDAR COM MULTIDÕES


“Depois destas coisas, atravessou Jesus o mar da Galiléia, que é o de Tiberíades. Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos. Então, subiu Jesus ao monte e assentou-se ali com os seus discípulos. Ora, a Páscoa, festa dos judeus, estava próxima. Então, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para lhes dar a comer?”
(João 6.1-5)

O interesse pessoal parece ser algo nato aos indivíduos. Cada pessoa procura estar onde, de certa forma, receberá maiores benefícios. Diante dessa realidade, podemos concluir que a grande multidão que seguia Jesus estava ali esperando receber algo pessoal (v.2). Vemos aqui, em um contexto mais amplo, que as grandes multidões seguiam a Cristo não porque intencionavam assumir um compromisso de fé com Jesus, mas por interesse próprio.

Contudo, devemos observar que Jesus não deixou de fazer o bem por isso, mesmo que os interesses fossem questionáveis. Essa passagem nos ensina a manter a calma e a paciência quando as pessoas nos rodeiam em busca de algo. A seriedade é o melhor remédio nessa hora. A pressão da multidão não deve tirar a nossa paz, nem impedir que façamos o bem. Vejamos os três testes que os discípulos tiveram que passar junto à multidão que seguia a Jesus.

O primeiro teste foi o de prover alimentação para todos. Ao ser confrontado com a multidão faminta, Filipe imaginou que a questão pudesse ser o dinheiro para comprar tanto alimento (v.7). Mas André encontrou a saída num rapaz, que disponibilizou o seu pequeno almoço. A solução nem sempre está onde imaginamos. Ao enfrentarmos um problema aparentemente sem solução devemos entregá-lo a Jesus, pois Ele sabe sempre o que fazer: Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer” (v.6).

O segundo teste foi afastar-se da multidão. A popularidade de Jesus crescia muito, e os seus discípulos, que haviam participado ativamente na distribuição dos pães, compartilhavam dessa popularidade. A proximidade com Jesus os deixava em uma situação privilegiada. Então, nesse êxtase de glória, Jesus os manda embora, passando da popularidade ao perigo do mar revolto (v.15-21). Jesus sabia que a fama para eles seria mais perigosa do que a tempestade.

O terceiro e último teste foi o de deixar a multidão a refletir (v.22-25). Geralmente se busca ao Senhor para satisfazer carências materiais, e não necessidades espirituais. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes” (v.26). Há uma necessidade maior no relacionamento com Deus, e as pessoas precisam ser alertadas a esse respeito.

Jesus, então, alerta a multidão dizendo que devemos trabalhar não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual só Ele pode nos dar (v.27). Os discípulos tiveram a oportunidade de usufruir dos benefícios da fama, mas optaram por ficar com Jesus, aprendendo na prática A DIFÍCIL TAREFA DE LIDAR COM MULTIDÕES.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

quinta-feira, 2 de maio de 2013

TARDE DEMAIS PARA REMEDIAR


“No dia seguinte, um espírito maligno, da parte de Deus, se apossou de Saul, que teve uma crise de raiva em casa; e Davi, como nos outros dias, dedilhava a harpa; Saul, porém, trazia na mão uma lança, que arrojou, dizendo: Encravarei a Davi na parede. Porém Davi se desviou dele por duas vezes.”
(1 Samuel 18.10-11)

Se tivessemos que representar o rei Saul, a melhor forma seria com uma lança na mão. Quando lemos a história do primeiro rei de Israel, muitas vezes o encontramos exatamente assim, com uma lança na mão. Ao contrário dele, Davi tem sempre ao alcance das mãos a arma certa para cada situação: uma harpa, um cajado de pastor, uma funda (espécie de estilingue) ou uma espada. Qualquer tarefa que Deus atribuia a ele, Davi a executava com uma arma diferente, apropriada àquela situação específica.

Nossa meditação de hoje recai sobre o homem que quer ter apenas uma arma, um homem com pouca habilidade para lidar com seus sentimentos. No princípio, Saul sente inveja de Davi; em seguida, fica desconfiado, com medo dele; pouco depois sua raiva inunda a alma para, finalmente, tentar tirar a vida de Davi.

Essa imagem merece destaque: enquanto Davi está com uma harpa na mão, em busca de alívio para Saul, este tem na mão uma lança, para matá-lo. Temos aqui o contraste entre a gentileza prestativa daquele que quer fazer o bem, e a brutalidade do perseguidor implacável, tomado de ódio no coração. Davi maneja bem as armas que tem na mão, mas Saul (graças à Deus!) é desajeitado. Enquanto a arma de Davi é inofensiva, a de Saul é mortal!

O texto nos informa que, “(...) como nos outros dias (...)”, Davi tocava sua harpa diante de Saul. Antes do ódio tomar conta da vida do rei, a música de Davi era um remédio para a doença da sua alma. Mas agora que Saul o repugnava de todo o seu coração, a música já não produzia qualquer efeito sobre ele. Devemos ter cuidado para que o ódio não nos domine, tornando ineficaz qualquer remédio que antes surtia efeito. Devemos cuidar para que o rancor não passe a ser o principal alimento da nossa vida.

Pense agora você mesmo, meu irmão, minha irmã, por um breve momento na sua situação atual, no estado da sua alma: existe hoje algum sentimento de raiva em seu coração? Será que esse sentimento já não está se transformando em ódio? Que armas você tem nas mãos para resolver esse problema? Nessa breve reflexão sobre o texto bíblico constatamos que o rei Saul era um homem de uma arma só. Não se deixe tranfornar, como Saul, de modo a perder todas as bênçãos que você já tem, preparadas pelo Senhor para a sua vida!

Por não ter outras habilidades o rei tornou-se um homem reprovável aos olhos de Deus, na voz do profeta: Porém Samuel disse a Saul: Não tornarei contigo; visto que rejeitaste a palavra do Senhor, já ele te rejeitou a ti, para que não sejas rei sobre Israel” (1 Samuel 15.26). O ódio tomou tal proporção na vida do rei Saul que nenhum remédio fazia mais efeito. Foi ele mesmo quem permitiu que a sua loucura chegasse a um estágio irreversível, ao ponto de ser TARDE DEMAIS PARA REMEDIAR.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO