“No dia seguinte, um espírito maligno, da parte
de Deus, se apossou de Saul, que teve uma crise de raiva em casa; e Davi, como
nos outros dias, dedilhava a harpa; Saul, porém, trazia na mão uma lança, que
arrojou, dizendo: Encravarei a Davi na parede. Porém Davi se desviou dele por
duas vezes.”
(1 Samuel 18.10-11)
Se tivessemos que representar o rei Saul, a melhor forma seria com uma
lança na mão. Quando lemos a história
do primeiro rei de Israel, muitas vezes o
encontramos exatamente assim, com uma lança na mão. Ao contrário dele, Davi tem sempre ao
alcance das mãos a arma certa para cada situação: uma harpa, um cajado de pastor, uma funda (espécie
de estilingue) ou uma espada. Qualquer tarefa que Deus atribuia a ele,
Davi a executava com uma arma diferente, apropriada àquela
situação específica.
Nossa meditação de hoje recai sobre o homem que quer ter apenas uma arma, um
homem com pouca habilidade para lidar com seus sentimentos. No princípio, Saul sente inveja de Davi; em seguida, fica desconfiado, com medo dele; pouco depois sua raiva inunda a alma para, finalmente, tentar tirar a vida de Davi.
Essa imagem
merece destaque: enquanto Davi está com uma harpa na mão, em busca de alívio
para Saul, este tem na mão uma lança, para matá-lo. Temos aqui o contraste
entre a gentileza prestativa daquele que quer fazer o bem, e a brutalidade do
perseguidor implacável, tomado de ódio no coração. Davi maneja bem as armas que
tem na mão, mas Saul (graças à Deus!) é desajeitado. Enquanto a arma de Davi é
inofensiva, a de Saul é mortal!
O texto nos
informa que, “(...) como nos outros dias (...)”, Davi tocava sua harpa
diante de Saul. Antes do ódio tomar conta da vida do rei, a música de Davi era
um remédio para a doença da sua alma. Mas agora que Saul o repugnava de todo o
seu coração, a música já não produzia qualquer efeito sobre ele. Devemos ter
cuidado para que o ódio não nos domine, tornando ineficaz qualquer remédio que
antes surtia efeito. Devemos cuidar para que o rancor não passe a ser o principal
alimento da nossa vida.
Pense agora você mesmo, meu irmão, minha irmã, por um breve momento na sua situação atual,
no estado da sua alma: existe hoje algum sentimento de
raiva em seu coração? Será que esse sentimento já não está se transformando em
ódio? Que armas você tem nas mãos para resolver esse problema? Nessa
breve reflexão sobre o texto bíblico constatamos que o rei Saul era um homem de
uma arma só. Não se deixe tranfornar, como Saul, de modo a perder todas as
bênçãos que você já tem, preparadas pelo Senhor para a sua vida!
Por não ter outras
habilidades o rei tornou-se um homem reprovável aos olhos de Deus, na voz do
profeta: “Porém Samuel disse a Saul: Não
tornarei contigo; visto que rejeitaste a palavra do Senhor, já ele te rejeitou
a ti, para que não sejas rei sobre Israel” (1 Samuel 15.26). O ódio tomou tal
proporção na vida do rei Saul que nenhum remédio fazia mais efeito. Foi ele
mesmo quem permitiu que a sua loucura chegasse a um estágio irreversível, ao
ponto de ser TARDE DEMAIS PARA
REMEDIAR.
Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO