sexta-feira, 11 de setembro de 2015

TEMPESTADES DO BEM

“Logo a seguir, compeliu Jesus os discípulos a embarcar e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões. E, despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava ele, só. Entretanto, o barco já estava longe, a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário. Na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando por sobre o mar.”
(Mateus 14.22-25)


Enfrentar as grandes tribulações da vida nunca é fácil, até mesmo para pessoas mais experimentadas. Quando se esgotam todas as forças interiores, resta somente esperar por socorro externo. Com o passar do tempo de aflição aumenta a incerteza, e a insegurança vai tomando conta da pouca fé que ainda podemos ter. A passagem bíblica de hoje mostra que em muitas situações é o próprio Deus quem nos coloca no meio da tempestade. Surge então a pergunta: mas qual é, afinal, o divino propósito nisso?

Aprofundando um pouco o estudo desse texto, percebemos que o principal fruto das tribulações é o restabelecimento da nossa visão espiritual. Nos momentos que antecedem a decisão de Jesus, quando “compeliu” seus discípulos a embarcar e seguir em outra direção, percebemos que esses estavam equivocados ao concordar com a multidão em proclamar Jesus como Rei de Israel. O verbo grego utilizado no texto original – προαγω (PROAGO) – traduz o ato de tirar alguém de um lugar onde tinha a sua visão ocultada.

No evangelho de João vemos nessa mesma passagem que, depois da multiplicação do pão, a multidão eufórica queria proclamar Jesus como Rei dos Judeus: “Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte” (João 6.15). Em lugar de ajudar o Mestre a dissuadir o povo, seus discípulos estavam mais dispostos a fazer prevalecer os seus próprios desejos. Jesus então os obriga a embarcar e se fazer ao mar, para enfrentar uma terrível tempestade.

Vemos, ao final, que o propósito de Deus foi plenamente cumprido. Os discípulos aprenderam que as aflições e perplexidades surgem na vida quando, a partir de motivos egoístas e tolos, nos opomos à vontade de Cristo Jesus. Eles entenderam, afinal, que agir contrariamente à sua vontade, em qualquer tempo e situação, logo se transforma em uma grande angústia. Foi nesse momento desesperador que eles puderam experimentar o divino benefício do cuidado de Deus, em nos fazer passar por TEMPESTADES DO BEM.


Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO