“Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos.
Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.
Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas.”
(Lucas 10.39-41)
No mundo agitado de hoje precisamos pensar no valor relativo daquilo que realizamos. A questão não é se estamos engajados ou não em alguma atividade, mas se o que fazemos é, de fato, o mais importante naquele momento, dentro de uma escala de prioridades. Na passagem supracitada vemos duas pessoas ocupadas com diferentes atividades, mas ambas fazendo algo que deveria estar sendo feito. Vamos nos concentrar no valor relativo entre as atividades das duas irmãs, sem considerar a questão do ativismo ou passividade de cada uma delas. Esse, por certo, não era o foco de Jesus. Aliás, qualquer das atividades descritas, quando desenvolvida com empenho extremado, pode ser muito prejudicial.
De um lado, existem aquelas pessoas que não param nunca, estando sempre envolvidas com várias atividades ao mesmo tempo. Essa característica de personalidade muitas vezes está relacionada com alguma carência emocional. Na verdade, a hiperatividade pode acontecer como forma de fuga aos sofrimentos do cotidiano, ou mesmo por insegurança pessoal em enfrentar uma determinada situação. Pelo ativismo, alguns buscam um estilo de vida sem profundidade, que exigem tempo, dedicação e cultivo permanente.
Por outro lado, existem aquelas pessoas totalmente desinteressadas, cujas vidas não têm nenhum sentido ou propósito. Essas geralmente levam a vida à custa do próximo, como formigas andando sobre as folhas das outras. Sobrecarregam aqueles que lutam para prover o seu sustento. São pessoas que almejam uma boa vida, mas não querem trabalhar para isso. Quando vêem os outros trabalhando, geralmente não se envolvem, ficam só esperando o momento de desfrutar do esforço alheio. Assim, podemos concluir que tanto o ativismo quanto a passividade são extremos prejudiciais, cada um do seu modo.
Mas, enfim, qual o ensinamento de Jesus nessa passagem? Ele não condenou o esforço de Marta em arrumar a casa, pois é uma atividade louvável e necessária; o problema é fazer na hora errada, e esse é o “x” da questão. Até o que é importante e necessário deve ser feito na hora certa. Era tempo de aprender com Jesus e fortalecer a fé, pois ainda não sabiam, mas iriam passar momentos difíceis com a morte do irmão, e precisavam estar fortalecidas. Observe a diferença de postura entre as irmãs: “Marta, quando soube que vinha Jesus, saiu ao seu encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão” (João 11.20-21). Marta estava aflita, enquanto Maria permanecia tranquila. Quando fazemos CADA COISA NO SEU DEVIDO TEMPO, a vida se torna muito mais produtiva, sem desviar o foco do que deve ser feito em cada momento.
Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO