“Porém Abisai, filho de Zeruia, socorreu-o, feriu o filisteu e o matou;
então, os homens de Davi lhe juraram, dizendo: Nunca mais sairás conosco à
peleja, para que não apagues a lâmpada de Israel”.
(2 Samuel 21.17)
O combate difícil e prolongado
pode nos deixar muito cansados. Assim, os mesmos desafios que enfrentamos no
passado, com garra e força, podem ser mortais quando já não temos a mesma disposição
inicial. No momento certo, tendo consciência das nossas limitações, devemos dar
lugar aos que estiverem em melhores condições de tocar adiante o trabalho. O
tempo passa e cada vez mais a nossa energia já não é a mesma de anos atrás. Por
isso, a esperança da igreja está na juventude do presente. Cabe a nós preparar os
jovens para continuar a fazer a obra no futuro, quando já não tivermos mais
forças para tal.
O trecho da Palavra em epígrafe
nos remete a outra passagem bíblica, ao tempo em que Davi, no vigor da sua
juventude, enfrentou o gigante Golias, derrotando-o apenas com uma funda. Davi era
então apenas um rapaz bastante corajoso e, por seu intermédio, o Senhor permitiu
realizar essa façanha, que ficou gravada para sempre nos anais da história do
povo de Israel. Aquele episódio foi apenas o início das muitas vitórias
conquistadas pelo escolhido de Deus, ungido por Ele como “homem segundo o meu coração”
(Atos 13.22).
Mas o tempo passou e percebemos agora
que Davi já não é mais o mesmo de antes. Embora com a mesma coragem, que o caracterizou
por toda a vida, ele já não tem igual vigor: “De novo, fizeram os filisteus guerra contra
Israel. Desceu Davi com os seus homens, e pelejaram contra os filisteus,
ficando Davi mui fatigado” (2 Samuel 21.15). O desafio foi similar: “Isbi-Benobe
descendia dos gigantes; o peso do bronze de sua lança era de trezentos siclos,
e estava cingido de uma armadura nova; este intentou matar a Davi” (2 Samuel
21.16); mas o resultado foi que esse novo gigante quase tira a sua
vida, o que só não foi consumado por interferência de um dos seus homens,
evitando uma grande tragédia.
O texto nos ensina que enfrentar
novos inimigos, quando já estamos fatigados dos combates da vida, pode ser um grande
perigo. Por isso, antes devemos contar com ajuda competente, para depois não
vir a ser tarde demais. O desafio é formar a geração que levará a obra de Deus
adiante, pois chegará o dia em que já não teremos a mesma energia. É certo que
a coragem poderá nos acompanhar sempre, mas nem só de coragem provêm as vitórias
na vida. Uma igreja com visão de futuro precisa investir na juventude cristã e,
por seu turno, os jovens da igreja precisam ter consciência da sua nobre missão
como herdeiros da obra.
Davi poderia muito bem ter ficado
ofendido com o socorro e, posteriormente, com a sugestão de seus homens para
evitar outras pelejas. Porém, muito ao contrário, ele sabiamente acatou as
limitações impostas pelo tempo, aceitando com simplicidade o assessoramento
para não mais expor Israel a riscos. Todos nós devemos ter a mesma humildade
em reconhecer quando for chegado O TEMPO DE PASSAR O BASTÃO, aceitando naturalmente
a hora de ceder caminho quando já não tivermos mais plenas condições para
continuar a liderar o bom combate.
Rev. JOÃO
FIGUEIREDO DE ARAÚJO