segunda-feira, 4 de junho de 2012

O TEMPO DE PASSAR O BASTÃO


“Porém Abisai, filho de Zeruia, socorreu-o, feriu o filisteu e o matou; então, os homens de Davi lhe juraram, dizendo: Nunca mais sairás conosco à peleja, para que não apagues a lâmpada de Israel”.
(2 Samuel 21.17)

O combate difícil e prolongado pode nos deixar muito cansados. Assim, os mesmos desafios que enfrentamos no passado, com garra e força, podem ser mortais quando já não temos a mesma disposição inicial. No momento certo, tendo consciência das nossas limitações, devemos dar lugar aos que estiverem em melhores condições de tocar adiante o trabalho. O tempo passa e cada vez mais a nossa energia já não é a mesma de anos atrás. Por isso, a esperança da igreja está na juventude do presente. Cabe a nós preparar os jovens para continuar a fazer a obra no futuro, quando já não tivermos mais forças para tal.

O trecho da Palavra em epígrafe nos remete a outra passagem bíblica, ao tempo em que Davi, no vigor da sua juventude, enfrentou o gigante Golias, derrotando-o apenas com uma funda. Davi era então apenas um rapaz bastante corajoso e, por seu intermédio, o Senhor permitiu realizar essa façanha, que ficou gravada para sempre nos anais da história do povo de Israel. Aquele episódio foi apenas o início das muitas vitórias conquistadas pelo escolhido de Deus, ungido por Ele como “homem segundo o meu coração” (Atos 13.22).

Mas o tempo passou e percebemos agora que Davi já não é mais o mesmo de antes. Embora com a mesma coragem, que o caracterizou por toda a vida, ele já não tem igual vigor: “De novo, fizeram os filisteus guerra contra Israel. Desceu Davi com os seus homens, e pelejaram contra os filisteus, ficando Davi mui fatigado” (2 Samuel 21.15). O desafio foi similar: “Isbi-Benobe descendia dos gigantes; o peso do bronze de sua lança era de trezentos siclos, e estava cingido de uma armadura nova; este intentou matar a Davi” (2 Samuel 21.16); mas o resultado foi que esse novo gigante quase tira a sua vida, o que só não foi consumado por interferência de um dos seus homens, evitando uma grande tragédia.

O texto nos ensina que enfrentar novos inimigos, quando já estamos fatigados dos combates da vida, pode ser um grande perigo. Por isso, antes devemos contar com ajuda competente, para depois não vir a ser tarde demais. O desafio é formar a geração que levará a obra de Deus adiante, pois chegará o dia em que já não teremos a mesma energia. É certo que a coragem poderá nos acompanhar sempre, mas nem só de coragem provêm as vitórias na vida. Uma igreja com visão de futuro precisa investir na juventude cristã e, por seu turno, os jovens da igreja precisam ter consciência da sua nobre missão como herdeiros da obra.

Davi poderia muito bem ter ficado ofendido com o socorro e, posteriormente, com a sugestão de seus homens para evitar outras pelejas. Porém, muito ao contrário, ele sabiamente acatou as limitações impostas pelo tempo, aceitando com simplicidade o assessoramento para não mais expor Israel a riscos. Todos nós devemos ter a mesma humildade em reconhecer quando for chegado O TEMPO DE PASSAR O BASTÃO, aceitando naturalmente a hora de ceder caminho quando já não tivermos mais plenas condições para continuar a liderar o bom combate.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO