domingo, 10 de junho de 2012

CHAMADOS A BRILHAR


“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”
(Mateus 5.16)

Há dois grandes prejuízos quando entendemos de forma equivocada a questão relacionada à prática das boas obras. Primeiro, se achamos que dependemos delas para a salvação; segundo, se não as praticamos, como fruto da salvação dada por graça de Deus. Sem querer aprofundar mais a questão, nessa breve mensagem pastoral, basta pensarmos inicialmente que aquilo que fazemos, ou deixamos de fazer, revela muito do que realmente somos. Uma proposição de Francisco de Assis, evangelista italiano do século XIII – quando diz que devemos pregar o evangelho todo o tempo, se necessário usando palavras – bem ilustra o ponto que pretendemos salientar essa semana.

Antes de qualquer conclusão mais precipitada sobre a sensível temática apresentada, salientamos que, muitas vezes, é fato que o testemunho de uma pessoa convertida repousa unicamente na sua proclamação verbal, dizendo aceitar a Cristo como seu Senhor e Salvador. No entanto, logo é possível identificar, por meio de atos contraditórios ao seu testemunho, que o seu voto não passa de uma afirmação vazia, até mesmo mecânica, ou meramente formal, de conversão ao cristianismo.

No sermão do monte (texto em referência) os discípulos de Jesus são CHAMADOS A BRILHAR: “Vós sois a luz do mundo” (Mateus 5.14). O Senhor evidencia assim, de forma clara, a necessária identidade com o caráter cristão, não apenas pela verbalização, mas também por atitudes práticas. Não significa que obras, por si só, venham a gerar luz, mas sim que, pela boa prática, reflitam a manifestação da luz em uma vida cristã. Noutras palavras: ser a luz do mundo não requer ações especiais para sua identificação. É a destinação de caráter, e não as obras, que de fato testemunham a divina origem da luz. A ordenança de Jesus é para que, mesmo sem usar a palavra, sejam reconhecidas a graça e a glória de Deus em nossas ações.

Infelizmente, muitas vezes temendo condicionar de forma equivocada a salvação, alguns erroneamente excluem por completo as boas obras da sua prática cristã. Claro está que ninguém vai ganhar o céu pelo que faz na terra. Porém, não podemos desconsiderar o que também diz a Palavra de Deus nos textos abaixo, especialmente sobre a questão das obras:
- “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.10);
- “Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência” (Tito 2.7);
- “o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tito 2.14);
- “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (Hebreus 10.24);
- “mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1 Pedro 2.12).

Que Deus nos ajude a bem discernir, com sabedoria, a essência da nossa nobre missão.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO