“Assim brilhe também a vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está
nos céus.”
(Mateus 5.16)
Há dois grandes prejuízos quando
entendemos de forma equivocada a questão relacionada à prática das boas obras.
Primeiro, se achamos que dependemos delas para a salvação; segundo, se não as
praticamos, como fruto da salvação dada por graça de Deus. Sem querer
aprofundar mais a questão, nessa breve mensagem pastoral, basta pensarmos
inicialmente que aquilo que fazemos, ou deixamos de fazer, revela muito do que realmente
somos. Uma proposição de Francisco de Assis, evangelista italiano do século XIII
– quando diz que devemos pregar o evangelho todo o tempo, se necessário usando
palavras – bem ilustra o ponto que pretendemos salientar essa semana.
Antes de qualquer conclusão mais precipitada
sobre a sensível temática apresentada, salientamos que, muitas vezes, é fato
que o testemunho de uma pessoa convertida repousa unicamente na sua proclamação
verbal, dizendo aceitar a Cristo como seu Senhor e Salvador. No entanto, logo é
possível identificar, por meio de atos contraditórios ao seu testemunho, que o
seu voto não passa de uma afirmação vazia, até mesmo mecânica, ou meramente
formal, de conversão ao cristianismo.
No sermão do monte (texto em referência)
os discípulos de Jesus são CHAMADOS A BRILHAR: “Vós sois a luz do mundo” (Mateus
5.14). O Senhor evidencia assim, de forma clara, a necessária identidade
com o caráter cristão, não apenas pela verbalização, mas também por atitudes
práticas. Não significa que obras, por si só, venham a gerar luz, mas sim que,
pela boa prática, reflitam a manifestação da luz em uma vida cristã. Noutras
palavras: ser a luz do mundo não requer ações especiais para sua identificação.
É a destinação de caráter, e não as obras, que de fato testemunham a divina
origem da luz. A ordenança de Jesus é para que, mesmo sem usar a palavra, sejam
reconhecidas a graça e a glória de Deus em nossas ações.
Infelizmente, muitas vezes temendo condicionar
de forma equivocada a salvação, alguns erroneamente excluem por completo as
boas obras da sua prática cristã. Claro está que ninguém vai ganhar o céu pelo que
faz na terra. Porém, não podemos desconsiderar o que também diz a Palavra de
Deus nos textos abaixo, especialmente sobre a questão das obras:
- “Pois somos feitura dele,
criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para
que andássemos nelas” (Efésios 2.10);
- “Torna-te, pessoalmente, padrão
de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência” (Tito 2.7);
- “o qual a si mesmo se deu
por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um
povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (Tito 2.14);
- “Consideremo-nos também uns
aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (Hebreus 10.24);
- “mantendo exemplar o vosso
procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros
como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no
dia da visitação” (1 Pedro 2.12).
Rev. JOÃO
FIGUEIREDO DE ARAÚJO