“Dura
resposta deu o rei ao povo, porque desprezara o conselho que os anciãos lhe
haviam dado; e lhe falou segundo o conselho dos jovens, dizendo: Meu pai fez
pesado o vosso jugo, porém eu ainda o agravarei; meu pai vos castigou com
açoites; eu, porém, vos castigarei com escorpiões.”
(1 Reis 12.13-14)
O
desprezo ao potencial daqueles que já alcançaram idade mais avançada pode
trazer consequências muito graves. A ênfase exagerada na juventude, colocando
os mais vividos em segundo plano, despreza a grande contribuição que eles podem
nos dar. Muitas vezes a opinião dos mais velhos é considerada ‘retrógrada’ e,
por isso, rejeitada por aqueles que se consideram ‘modernos’.
O
texto de hoje é um exemplo de que essa opinião está equivocada, nos ensinando a
considerar com muito respeito o conselho daqueles que já viveram mais do que
nós. Suas experiências e observações devem ser levadas em conta com todo o
carinho, e desconsiderá-las pode custar muito caro.
A
passagem retrata não só diferentes opiniões sobre uma mesma situação, mas também
a diferença de abordagem entre duas gerações. De um lado os jovens, cheios de
sonhos e pouca experiência. No vigor da sua juventude se elevam à condição de ‘semideuses’,
desprezando a experiência acumulada por aqueles mais experimentados pelo
tempo. Do outro os idosos, sem sonhos ou
idealismos exagerados, mas apoiados na prudência de quem já viveu o bastante para
compreender o valor do seu aconselhamento: “Tomou o rei Roboão conselho com os homens idosos que estiveram na
presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: Como
aconselhais que se responda a este povo? Eles lhe disseram: Se, hoje, te
tornares servo deste povo, e o servires, e, atendendo, falares boas palavras,
eles se farão teus servos para sempre” (1 Reis 12.6-7).
O
texto mostra o perigo de rejeitarmos completamente os conselhos dos mais
vividos, em favor da insensatez de pessoas inexperientes. Muitos jovens seguem apenas
as orientações de outros jovens, porque agradam às suas vaidades e incitam ao
prazer. Mas isso é muito perigoso, pois normalmente os melhores amigos são os mesmos
que na maioria das vezes levam à ruína.
O conselho
da juventude foi oposto ao dos idosos. Roboão tinha dois caminhos diferentes a
seguir: um o levaria a glória, o outro ao fracasso, e preferiu seguir o
conselho que, em verdade, mais gostou de ouvir. Ele não era um jovem
adolescente, pois tinha 41 anos idade como diz o texto: “Roboão, filho de Salomão,
reinou em Judá; de
quarenta e um anos de idade era Roboão quando começou a reinar (...)” (1 Reis
14.12a). Nem tão pouco tomou sua decisão
forçado pelo calor das emoções. Pelo contrário, foi uma decisão pensada,
provavelmente com base no que ele imaginava ser o melhor. Talvez como muitos
jovens igualmente façam hoje, quando rejeitam o CONSELHO DE QUEM JÁ VIVEU UM
POUCO MAIS.
Rev.
JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO