“E o
populacho que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos
egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram:
Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que, no Egito,
comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e
dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão
este maná.”
(Números 11.4-6)
Um grande número de pessoas tem ido à
igreja em busca de soluções imediatas para seus problemas materiais. Querem
estar ao lado daqueles que “operam milagres”, que “profetizam” coisas boas a
seu respeito, alimentando a esperança de que um “mundo sem dor” possa ser a
realidade em suas vidas. Quando a motivação da comunhão não é a verdadeira
conversão, mas sim interesses por coisas terrenas, há grande fastio pelo
alimento oferecido pela graça de Deus, passando-se a querer, de fato, aquilo
que sacia os desejos da carne. O resultado acaba sendo a murmuração, que logo
contamina todo o povo em volta.
O capitulo 11 do livro de Números é
importante para refletirmos um pouco sobre essa questão. O versículo quatro
fala de um “populacho” no meio do povo, com saudoso apetite pela comida do
Egito. Um rico cardápio de legumes é citado em seguida: “peixes, pepinos, melões,
alhos silvestres, cebolas, alhos” (v.5). Mas o desejo maior é por “carne”, na reivindicação:
“Quem
nos dará carne a comer”? (v.4). A manifestação desse desejo logo
contamina todo o povo, e grande parte dos israelitas começam a se lamentar.
Aprendemos nesse episódio como o povo
de Deus pode ser influenciado por aqueles que “comungam” ao seu redor. Quando
estamos cercados de pessoas que têm como único interesse as coisas do mundo, a
tendência é não vermos os benefícios que já obtivemos pela graça de Deus. Assim,
os israelitas chegaram a esquecer de sua antiga condição como escravos no Egito
– do chicote, do trabalho forçado e de tantas outras ofensas e submissões. O
cerne da ingratidão é o seu esquecimento, pois com isso desprezaram a bondade de
Deus por eles. Essa “multidão de estrangeiros", viajando com Israel, é
similar aos membros mundanos da igreja de hoje, cujos corações ainda estão no “Egito”!
Em lugar de reconhecer o presente da bondade de Deus, relembram-se das coisas
carnais do seu passado no mundo.
Aprendemos também que esse “populacho”
é capaz de fazer qualquer coisa para que o pão de Deus passe a ter o sabor do
alimento do mundo (v.8). Em Êxodo 16.31 vemos que o maná tinha gosto de mel, mas aqui os
judeus estavam tentando "melhorar" o maná, para que ficasse com gosto
de azeite. Infelizmente hoje muitos querem uma igreja com sabor de mundo.
Propaga-se muito o show gospel, o forró gospel, a boate gospel, com imitações
do jogo de luzes, da fumaça e de outros adereços mais. Tudo “de Deus”, mas sem
perder o tempero daquilo que se gostava no mundo. O sabor de mel do maná recebido
não mais satisfaz, e fazem de tudo para que tenha o sabor de azeite. Mas será que
é possível, necessário, ou mesmo da vontade do Senhor manter-se ENTRE O POVO DE
DEUS, SEM PERDER O SABOR DO MUNDO?
Rev.
João Figueiredo de Araújo