“Vendo, porém, Simão que, pelo fato de imporem os
apóstolos as mãos, era concedido o Espírito [Santo], ofereceu-lhes dinheiro,
propondo: Concedei-me também a mim este poder, para que aquele sobre quem eu
impuser as mãos receba o Espírito Santo.”
(Atos 8.18-19)
Para
compreender o pedido feito por Simão aos apóstolos é necessário, antes de tudo,
entender o ambiente à época, assim como as práticas da então igreja primitiva. Foi
da vontade de Deus deixar bem evidente a presença do Espírito Santo no mundo,
como prometido por Jesus: “Mas eu vos digo a
verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá
para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (João 16.7).
Cristo ascendeu
aos céus, e a Palavra de Deus foi cumprida. Por
essa razão, fenômenos visíveis, e até audíveis, foram associados à presença do Espírito
Santo nas pessoas ungidas. Assim, não pairava nenhuma dúvida quanto ao
cumprimento da promessa de Jesus. Sinais perceptíveis confirmavam a presença do
Espírito Santo, confirmando a comunicação com Deus mediante a imposição de mãos
(At 8.17; 19.6).
A imposição das mãos era bastante comum no judaísmo. Acreditava-se
que, por meio dessa prática, certas qualidades eram transferidas de uma pessoa
para outra. Não devemos pensar, no entanto, que posteriormente ela
representaria uma visão materialista da comunicação do Espírito Santo. Mais do
que isso, o fato enfatizava o caráter da autoridade dada por Deus aos apóstolos,
frente à missão que Jesus lhes havia confiado. Ninguém pode abençoar no
Espírito Santo pela imposição de mãos, nem tão pouco receber essa bênção, simplesmente
porque a deseja por si mesmo.
Veja
como Simão ficou impressionado com os efeitos visíveis da imposição das mãos
pelos apóstolos, logo querendo adquirir tal poder por dinheiro. Ainda hoje, esse
é um grande perigo para muitos líderes religiosos, que se dizem cristãos: a
exaltação do próprio ego. Simão estava mais interessado em seu prestígio
pessoal, do que em promover transformação na vida das pessoas.
O que
Simão não sabia é que nenhum dom pode ser comprado por dinheiro. Deveria ter
entendido que Deus olha o caráter do homem antes de abençoá-lo, e não a sua posição
social. Não seria porque ele tinha dinheiro que iria conseguir tudo o que
quisesse. Só um homem cheio do Espírito Santo de Deus pode passar a outro a
bênção do Espírito Verdadeiro que o inspira. Só uma pessoa necessariamente
transformada por Deus, por intermédio de um novo nascimento, é que pode receber
o Espírito Santo.
No
mundo capitalista em que vivemos hoje, onde os que têm dinheiro imaginam que podem
comprar de tudo, inclusive poder sobrenatural, vale essa lição: dinheiro pode
comprar muitas coisas, mas a virtude do Espírito Santo é bênção de Deus! E a
verdadeira BÊNÇÃO NÃO PODE SER COMPRADA.
Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO