“Foram, certa vez, as árvores ungir para si
um rei e disseram à oliveira: Reina sobre nós. Porém a oliveira lhes respondeu:
Deixaria eu o meu óleo, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre
as árvores? Então, disseram as árvores à figueira: Vem tu e reina sobre nós. Porém
a figueira lhes respondeu: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto e iria
pairar sobre as árvores? Então, disseram as árvores à videira: Vem tu e reina
sobre nós. Porém a videira lhes respondeu: Deixaria eu o meu vinho, que agrada
a Deus e aos homens, e iria pairar sobre as árvores? Então, todas as árvores
disseram ao espinheiro: Vem tu e reina sobre nós. Respondeu o espinheiro às
árvores: Se, deveras, me ungis rei sobre vós, vinde e refugiai-vos debaixo de
minha sombra; mas, se não, saia do espinheiro fogo que consuma os cedros do
Líbano.”
(Juízes 9.8-15)
Na
grande maioria, todos desejam um bom governo para conduzir os rumos da nossa
sociedade, por intermédio do qual venhamos a ter estabilidade e segurança. É
bem certo que, ultimamente, em época de eleições, não tem sido uma tarefa das
mais fáceis encontrar bons candidatos à liderança política, em todos os níveis.
Na falta de boas opções, corremos o risco muito grande de não eleger os melhores
representantes.
A
passagem bíblica acima bem ilustra essa situação, de forma alegórica, com um
conjunto de árvores buscando um bom rei para governar sobre elas, subentendendo
essa tão sonhada segurança e estabilidade. Para isso, saem diligentemente à procura
do candidato adequado para assumir o cargo.
Nas
três primeiras abordagens, os respectivos candidatos convidados consideram suas
atuais responsabilidades muito mais relevantes e úteis do que servir como rei. Decepcionadas
pela recusa, e na falta de outras opções, aquele conjunto árvores se vê
obrigado a convidar um espinheiro, mesmo sendo este naturalmente um incômodo
para praticamente todas elas.
E o
espinheiro ainda responde, aceitando o convite, em um tom de ameaça: “Se,
deveras, me ungis rei sobre vós, vinde e refugiai-vos debaixo de minha sombra;
mas, se não, saia do espinheiro fogo que consuma os cedros do Líbano” (v15).
A
lição é muito clara: eleger um líder impróprio, simplesmente por falta de
opção, pode levar à destruição até mesmo do mais forte segmento da sociedade,
no caso “cedros do Líbano”. Portanto, nunca devemos esquecer que NÃO
EXISTE VAZIO DE PODER: se os bons não se apresentam, os maus acabam governando
em seu lugar, e os resultados disso são imprevisíveis.
Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO