domingo, 15 de abril de 2012

ELE CERTAMENTE NÃO ACEITA NEGOCIAÇÕES



“Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o SENHOR será o meu Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo.”
Gênesis 28.20-22



Quando observamos a história dos patriarcas de Israel, percebemos como as novas gerações vão esquecendo as promessas de Deus relativas ao nosso relacionamento com Ele. Constatamos que Abraão foi um homem que caminhou em plena intimidade com Deus; já Isaac, seu filho, apesar da sua espiritualidade, não demonstra a mesma devoção e paixão de seu pai. Mas é em Jacó que encontramos o maior contraste. Ele foi um homem que lutou durante toda a sua vida, empregando sempre o método que lhe parecia mais apropriado para alcançar o que almejava, tentando até “negociar” com Deus.

Na passagem abaixo, Jacó acabara de receber uma revelação de parte de Deus, similar às que tiveram seu pai e seu avô. O que lhe foi revelado não era nada menos do que a manifestação da misericórdia incondicional de Deus sobre a sua vida:

A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido.”
Gn 28.14-15.

Diante de um cenário como esse normalmente poderia se esperar uma resposta de adoração, reconhecendo o favor imerecido não só por ele, mas por toda uma geração. Mas não é isso que encontramos na epígrafe ao início desse texto. Jacó aproveita para apresentar algumas condições a Deus, em seu próprio favor. Note as reiteradas expressões condicionais, do tipo SE... ENTÃO, cuja falta de senso passa quase que despercebida no texto: SE Deus for comigo”, SE “me guardar”, SE “me der pão (...) e roupa”, SE permitir que “eu volte em paz”...ENTÃO “o Senhor será o meu Deus.”

A postura do Jacó revela uma tendência que ainda é arraigada em nossos corações: a de acreditar que podemos manipular o relacionamento de Deus conosco, segundo os nossos próprios caprichos. Ou seja, colocamos as condições e Ele que se ajuste às nossas demandas. Eis a razão de parecer tão difícil seguir ao SENHOR, pois ELE CERTAMENTE NÃO ACEITA NEGOCIAÇÕES. Se de fato estamos dispostos a manter uma relação com Ele, devemos estar dispostos a nos render absolutamente a seus pés, como fez Maria em: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc 1.38). Se ainda não adotamos essa postura, é porque resistimos em nos entregar completamente, de modo que Deus assuma o controle total de nossas vidas. Esse é o único (e estreito) caminho facultado ao homem para alcançar o Reino de Deu.


Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO