“Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor,
que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com
longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a
unidade do Espírito no vínculo da paz.”
Efésios 4.1-3
Muitos líderes imaginam que podem promover a
unidade da igreja por intermédio de atividades sociais, planejadas especialmente
para esse fim. Tal pensamento pode induzir a uma convicção equivocada: a de ser
possível ao ser humano gerar a unidade no povo de Deus.
A passagem de hoje nos incentiva, sim,
a manter uma unidade pré-existente. O vocábulo tereu, que em grego significa ‘preservar’, utilizado por Paulo em
sua carta aos fiéis de Éfeso, expressa literalmente a ação de ‘tomar conta de’,
ou seja – cuidar de algo que já existe. Aliás, na prática, não faria sentido
algum guardar algo que não exista previamente. Assim, somos exortados a
conservar aquilo que já deve fazer parte da realidade da igreja, e não a tentar
encontrar maneiras de criar algo que ainda não tenha sido estabelecido.
Alguns irmãos, porém, poderiam se perguntar
– "Mas como podemos falar de unidade na igreja, quando há tantas divisões,
discussões e até brigas entre os que frequentam a casa de Deus?" Meditemos,
então, um pouco mais, na mensagem em evidência. A Palavra que lemos inclui os conceitos
de ‘humildade’, ‘mansidão’, ‘paciência’ (longanimidade) e de ‘suportar’ uns aos
outros. Não se referem a um trabalho de construção, mas sim a atitudes que
ajudam a manter a unidade em Espírito, com vínculos fraternos de amor e paz.
O fato é que essa unidade não advém de
esforços humanos, pois é algo sobrenatural, dado por Deus aos seus filhos. Assim
sendo, não podemos ‘produzir’ ou ‘desenvolver’ unidade na igreja, mas reconhecê-la
como manifestação da presença de Deus entre nós. A Trindade do Pai, Filho e Espírito Santo
formam uma unidade perfeita. Quando estamos ligados a Deus, por intermédio do
Filho, a unidade na igreja é gerada pelo Espírito no meio do seu povo.
Por que, então, poderia faltar unidade
à igreja? A desunião ocorre quando se quebra a aliança cristã, com
orgulho, arrogância, egoísmo e impaciência em relação ao próximo. A
maneira de restaurar a unidade não é apenas com eventos. Antes, deve haver
reconhecimento de pecados, arrependimento e perdão. A unidade só é
preservada quando se mantém uma atitude correta, vencendo as tendências
individualistas da carne, deixando o amor e a bondade, que são fruto do
Espírito, trabalharem o coração. A unidade da igreja de Jesus Cristo existe por
bênção do Espírito Santo de Deus, e não apenas como consequência de comportamentos
e atos sociais. Unidade é uma questão de atitude, mais do que de ação.
Assim, muitos confundem o conceito
bíblico de ‘unidade’ com ‘uniformidade’, esperando que todos façam ou gostem das
mesmas coisas. A partir dessa interpretação, as pessoas tendem a ser
niveladas em uma só maneira de ser. Este tipo de unidade não sobrevive à
diversidade, que é uma das características básicas do ser humano. A Bíblia
ensina que a verdadeira unidade vem de Deus, que é perfeito em sua harmônica
Trindade, na diversidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO