“Então, deixando-o, todos fugiram.”
(Marcos 14.50)
No
dia 15 de outubro de 1827, Dom pedro I, Imperador do Brasil, baixou decreto
imperial criando o ensino elementar no Brasil. Foi então estabelecido que "todas
as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras".
A partir dessa ideia, inovadora e revolucionária para a sua época, esperava-se
um novo rumo para a educação no país. Porém, como todos sabemos, após tantos
anos ainda hoje temos problemas estruturais nessa área fundamental para o
desenvolvimento humano de uma nação.
Educar
pessoas envolve variáveis complexas, exigindo do professor aptidões muito especiais
para bem realizar tão sensível tarefa. Os métodos devem ser variados,
respeitando as diferenças individuais de cada pessoa. Cada aluno é um universo específico,
fruto de suas experiências pessoais, família, igreja, amigos e assim por
diante. O educador precisa ser flexível em seus métodos de ensino, mudando-os
sempre que achar conveniente para se adaptar às especificidades de cada aluno
que lhe é confiado.
Na
grande tarefa de educar não há melhor exemplo do que a formação dos discípulos
de Jesus Cristo. Se pensarmos em alguém que dedicou toda a sua vida para
transformar pessoas, Cristo é o nome. Ele soube aproveitar cada oportunidade
que teve e usou todos os recursos disponíveis, como imagens do cotidiano para
contar parábolas, ou até usar um barco, à beira da praia, para que a sua voz
chegasse melhor à audiência. Seu objetivo? Levar gradualmente seus discípulos a
conhecerem as verdades do Reino de Deus. Somando-se a isso, o seu amor e
compaixão pelas pessoas foi sem igual. Assim, resultados espetaculares podiam
ser esperados de seus seguidores. Porém, no primeiro grande teste a que foram
submetidos – a prisão de Jesus – o resultado foi um desastre.
Se o
Mestre dos mestres passou por uma situação como essa, o que esperar como
simples educadores que somos? Jesus havia dedicado a sua vida em prol daqueles
doze homens e, na hora que mais precisou deles, o que acontece? Todos fogem e o
deixam sozinho. Sem a presunção de levantar a totalidade dos fatores que
levaram a tal atitude, podemos tirar algumas lições desse episódio.
Primeiramente,
em termos de educação não é garantido alcançar os resultados que desejamos, pois
o processo depende de pessoas. Garantias podem existir em outros processos,
quando se lida com coisas inanimadas, mas não quando envolve pessoas. Cada
indivíduo carrega em seu íntimo um verdadeiro mar de segredos. É realmente
muito difícil conhecer as pessoas como de fato elas são, ou agirão. Não se pode
garantir se vão desistir – ou fugir, como no caso – na primeira dificuldade
enfrentada. Todo educador precisa estar ciente dessa realidade.
Em
segundo lugar, Deus não julga ninguém por situações isoladas. Por certo, um
abandono como aquele poderia trazer implicações muito fortes na vida de um
mestre, provocando inclusive traumas emocionais irreversíveis. Mas isso não
cabe em se tratando do Mestre dos mestres. Deus não mede as pessoas por
instantes de fraqueza vividos, mas pela peregrinação de toda uma vida cristã.
Aquele episódio foi apenas uma página na vida dos discípulos. O Senhor Jesus
continuou a sua jornada como educador de homens, e nunca desiste de nós. Deixou
nas mãos dos seus discípulos aquilo que mais ama: o seu rebanho, a sua Igreja.
Aqueles foram reprovados em uma prova, mas não na vida devocional, pois Jesus
bem sabe avaliar A COMPLEXA TAREFA DE EDUCAR PESSOAS.