segunda-feira, 28 de maio de 2012

AMOR COMO NUVEM PASSAGEIRA


“Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa”.
(Oséias 6.4)

Uma das características dos tempos pós-modernos, que vivemos hoje em dia, é a superficialidade das coisas e dos envolvimentos. O que prevalece é a ideia do efêmero, do não durável, onde tudo pode ser descartável. E não somente os copos plásticos, que usamos em nossas confraternizações, mas também os relacionamentos, a fidelidade à denominação religiosa, o fervor nos cultos de domingo e até o amor a Deus.

Não apenas os jovens são afetados por essa tendência, como também os adultos estão submetidos a uma nova forma de encarar a vida. Basta observar as igrejas, no domingo, quando se declara o mais profundo amor por Jesus, reconhecendo a completa dependência do Senhor, com o coração quebrantado; já na segunda-feira o cenário muda e a vida passa a seguir o seu curso habitual e previsível. O fervor do domingo, na igreja, fica exatamente lá, perante o altar. Aquele clima devocional passa muito rapidamente, durando apenas uma noite. Resta esperar o próximo domingo para, quem sabe, demonstrar tudo outra vez.

É evidente que não há nada de errado em expressar a nossa devoção a Deus nos cultos do domingo. Ao contrário, devemos fazer sempre isso, reconhecendo a graça abundante que o Senhor nos dá, fruto de um amor incondicional para conosco. Como povo escolhido e santo, devemos declarar publicamente a nossa fidelidade, sendo a fé um elemento fundamental na vida de todos os discípulos de Cristo.

O problema, no entanto, é que o amor declarado a Deus não deve ser como a névoa ao nascer do dia. Pela manhã ela é espessa, parecendo impenetrável em alguns momentos. Sua densidade preenche todos os espaços, e a impressão é a de que nunca vai desaparecer. No entanto, quando o sol aponta, ela se evapora rapidamente, nada ficando para demonstrar a intensidade que teve ao alvorecer. Assim como o sol da manhã faz o nevoeiro desaparecer, as preocupações do dia a dia, na segunda-feira, logo dissipam os sentimentos mais puros, as promessas e os compromissos de amor declarados a Deus na noite de domingo.

O que mais chama a atenção é a rapidez e a facilidade em transitar os sentimentos e as atenções de um extremo a outro. Num primeiro momento, todos nós somos capazes de proferir votos de amor intenso a Deus e ao próximo. Mas o difícil é permanecer fiel a esses votos, quando o mundo conspira para dissipar as nossas melhores intenções, como o sol faz com o nevoeiro pela manhã. É por isso que a vida espiritual tem se tornado tão instável.

O povo de Israel no deserto, quando enfrentava a menor das adversidades, sempre questionava, com indignação, as intenções de Deus para com eles. Que não sejam os nossos sentimentos para com Deus e o próximo uma relação de AMOR COMO NUVEM PASSAGEIRA, para que o Senhor não precise nos perguntar: Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá?”.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

segunda-feira, 21 de maio de 2012

ANTES IMPORTA SER O DEUS VERDADEIRO DO QUE O TAMANHO DA FÉ

“Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá.”
(Lucas 17.6)

A passagem bíblica em epígrafe, para nossa reflexão, está inserida no contexto de quantas vezes devemos perdoar a um irmão. Disse Jesus aos seus apóstolos: “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe” (Lucas 17.3). Acrescentou ainda o Senhor que devemos assim proceder, mesmo que a ofensa se repita por mais de uma vez: havendo arrependimento, sempre liberar o perdão.

Os apóstolos, naquela ocasião, entenderam ser essa ordenança, de fato, algo muito difícil de ser observado na prática. Diante do desafio, e por certo temendo pecar contra o Senhor, pediram a Jesus que lhes fosse aumentada a FÉ. Talvez possam ter pensado, igualmente como nos dias de hoje, em como é difícil conviver com pessoas que às vezes nos aborrecem, quanto mais quando esse aborrecimento se repete até “por sete vezes ao dia” (Lucas 17.4)! Perdoar ao irmão, nessas condições, mesmo com seu arrependimento, parece algo reservado apenas a gigantes espirituais, e não para a maioria das pessoas comuns.

Diante do impasse conceitual sobre o que significa ter fé, Jesus nos ensina hoje, como demonstrou aos apóstolos naquela época, que ANTES IMPORTA SER O DEUS VERDADEIRO DO QUE O TAMANHO DA FÉ. Quando pensamos que a intensidade da fé é que faz a diferença, estamos automaticamente avançando por uma linha de raciocínio errada. O equívoco reside em que, quando assim pensamos, estamos concentrando nossa atenção em nós mesmos e não em nosso Deus, o Deus verdadeiro.

Há um conceito equivocado de que a fé é distribuída em quantidades distintas para cada pessoa. Nesse contexto é que são cunhadas frases do tipo “o irmão deve fazer isso com mais fé”, ou ainda “aquela irmã é uma pessoa de muita fé”. Já quem não testemunha grandes manifestações de Deus na sua vida são vistas como “gente de pouca fé”. Para consertar esse equívoco Jesus recicla a imagem da fé a partir de um grão de mostarda. A semente do grão de mostarda é muito pequena, e Jesus queria ensinar algo sobre o tamanho da nossa fé.

O que deve ser levado em conta não é o tamanho da nossa fé, mas a grandeza do Deus no qual a nossa fé é depositada. Assim pensando, na vida espiritual não há necessidade de haver fé manifesta em grande intensidade, mas sim uma absoluta confiança no quanto é grande o Deus em quem confiamos a nossa fé. Isso, sim, faz toda a diferença, pois o Deus verdadeiro é poderoso, soberano e maravilhoso! Quem confia na grandeza de Deus, mais do que no tamanho da sua fé pessoal, experimenta coisas extraordinárias na vida cristã.

A questão, assim, não é se temos mais ou menos fé, porque em verdade todos nós, cristãos, já temos a nossa própria fé. Não somos incrédulos, mas pessoas crentes. O problema é que muitas vezes a nossa fé não é colocada sobre o Deus verdadeiro, mas em deuses pessoais, incluindo nós mesmos, ou profecias de quem está ao nosso redor. Não é de se estranhar, então, que essa fé equivocada produza maus resultados. Para sentirmos realmente Deus trabalhar em nossas vidas é preciso orientar a nossa fé, mesmo que a pensemos como pequena, para realizar coisas grandiosas quando depositada no Deus verdadeiro.


Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

domingo, 13 de maio de 2012

MARIA, MÃE DE JESUS: O DISCIPULADO EM ESPÍRITO À SERVIÇO DE DEUS


“Então, disse Maria: Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra.”
(Lucas 1.38)

As datas comemorativas oferecem uma oportunidade de refletirmos sobre aquilo que normalmente passa despercebido no dia a dia do calendário. A importância dessa reflexão aumenta quando a data comemorada é o Dia das Mães. O milagre da maternidade é algo realmente maravilhoso, pois significa a manutenção e a continuidade da vida sobre a face terra. Cada mãe deveria ter consciência plena dessa missão e da sua responsabilidade no plano de Deus para com toda a humanidade. Podemos compreender um pouco mais da difícil missão de ser mãe a partir do exemplo da mãe de Jesus. Há algo especial e simples em Maria, mulher de José, que vai muito além do que a teologia sistemática possa conceber sobre ela.

De todas as crianças já nascidas no mundo, uma viria a ser a mais importante: Deus seria feito homem, nascendo de uma mulher agraciada com essa bênção. A escolhida contrariava todas as expectativas de então, pois era muito jovem e pobre, não preenchendo, assim, os requisitos do seu tempo para a realização de uma tarefa tão importante. Porém, foi nesse contexto contraditório aos olhos dos homens que Deus escolheu Maria, para um ato de obediência jamais exigido de outro alguém na face da terra.

O mais impressionante em Maria é que, mesmo em meio a tantas possíveis e naturais dúvidas, diante de tão espetacular predição do seu destino, ela não reivindicou compreender nada, mas simplesmente adorou a Deus. Com humildade, e reconhecendo o milagre que a envolvia, ela disse: A minha alma engrandece ao Senhor” (Lucas 1.46). Eis aí a grande lição de Maria! Antes de ser mãe, foi ela uma serva verdadeira do Senhor. Esse é o exemplo a seguir pelas mães de hoje. É com integridade, um caráter devotado e fé em Deus que a mulher deve enfrentar os desafios que a maternidade plena trás para a sua vida.

Maria manteve sua firmeza de caráter, quando Simeão profetizou que ela iria sofrer mentalmente e emocionalmente (Mateus 2.34-35); não perdeu a calma, mesmo em meio a muita aflição, quando ela e José encontraram Jesus depois de pensarem que ele estava perdido em Jerusalém (Mateus 2.48); não discutiu quando Jesus lhe repreendeu suavemente nas bodas em Caná (João 2.4); acatou a decisão de Jesus em não a receber e a seus irmãos como família, mesmo não compreendendo, por certo, a situação naquele momento (Mateus 12.46-50). Assim como Maria, a mulher de hoje deve buscar sabedoria, ter perseverança e obedecer aos desígnios de Deus quando engajada na nobre missão de ser mãe.

Maria é o maior exemplo dos caminhos que conduzem à vontade de Deus. Ela poderia ter aproveitado sua condição especial de mãe, para reivindicar uma posição entre aqueles que estavam mais próximos a Jesus. Porém, em vez de buscar privilégios, ficou firme no seu apoio ao Filho de Deus até o último momento, até o caminho da cruz (João 19.25). Posteriormente continuou perseverando na sua fé, junto aos discípulos em oração no cenáculo (Atos 1.14).

Que nas comemorações do Dia das Mães em 2012 toda a Igreja de Jesus Cristo possa refletir sobre a vida de Maria, aprendendo com ela o mais belo segredo de uma vida segundo a vontade do Altíssimo. Sendo Maria a mãe do próprio Deus encarnado, foi ela, antes disso e humildemente, uma serva integralmente submissa à vontade do Senhor.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

segunda-feira, 7 de maio de 2012

DIVERGÊNCIAS NA IGREJA NÃO IMPEDEM A OBRA DE DEUS

“Houve entre eles tal desavença, que vieram a separar-se. Então, Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor.”
Atos 15.39-40

O conceito de santidade, principalmente na herança religiosa romana, pode trazer alguma dificuldade ao correto entendimento de passagens bíblicas como essa em epígrafe. Quando pensamos em um homem ou uma mulher de Deus, logo imaginamos alguém que aceita tudo serenamente, sem jamais contrariar-se. Porém, o correto entendimento desse conceito nas Escrituras deve subentender pessoas santas como instrumentos de Deus, escolhidos para seus propósitos, pela sua infinita graça. Essas pessoas escolhidas devem ser naturalmente separadas das demais – e eis aí a ideia correta de ‘santos’ – para fazer a obra de Deus, obra essa que será realizada por eles, ou apesar deles! Para consolidar o correto entendimento de ‘santo’ é necessário meditar também sobre alguns outros conceitos.

Primeiramente, quando estamos trabalhando em equipe devemos lembrar que, onde há um grupo de pessoas, sempre poderá haver diferença de opiniões. Uma boa equipe não é aquela em que necessariamente todo mundo vê as coisas do mesmo modo. Se isso acontece, provavelmente o líder do grupo impôs a sua própria e única visão. A diferença de opiniões, como a diversidade de dons, é uma das manifestações do Espírito Santo de Deus em cada um de nós, como fica muito claro na Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, Capítulo 12. Todo e qualquer ministério será enriquecido sempre que contemplar a perspectiva e a contribuição de pessoas diferentes entre si e em suas opiniões.

Em segundo lugar, as diferenças entre pessoas, como entre os santos apóstolos, devem ser administradas sob o prisma espiritual. O que causa danos à Igreja é acreditar que as nossas diferenças nos permitem atacar uns aos outros. Por mais dura que seja a oposição, Deus não permite contenda e humilhação entre irmãos, como afirma em:  Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.  Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Efésios 4.31-32).

Finalmente, às vezes a única alternativa é a separação, até entre ‘santos’. Sem dúvida é uma decisão radical, para um problema sério, que só deve ser adotada depois de esgotados todos os meios de consenso. Não se deve deixar de lado facilmente a tentativa de conciliar posições, como Cristo nos ordena quando diz: Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Filipenses 2.3-5).

Após tentar de tudo, a separação pode ser um caminho. Paulo e Barnabé, dois gigantes espirituais, optaram por esta solução entre si. Contudo isso não os desviou do Caminho, e eles continuaram fazendo a obra para a qual foram chamados. Diferenças de opinião não impediram o avanço do Evangelho de Cristo e não constituem um empecilho. Sigamos, pois, em frente em nossa obra, apesar das diferenças que sempre existirão entre nós.


Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

quinta-feira, 3 de maio de 2012

IPVT: UM POUCO DE HISTÓRIA NA VILA TELEBRASÍLIA

Um pouco de muita gente, gente santa, gente unida em uma só obra...


... a obra de Deus!