segunda-feira, 7 de maio de 2012

DIVERGÊNCIAS NA IGREJA NÃO IMPEDEM A OBRA DE DEUS

“Houve entre eles tal desavença, que vieram a separar-se. Então, Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor.”
Atos 15.39-40

O conceito de santidade, principalmente na herança religiosa romana, pode trazer alguma dificuldade ao correto entendimento de passagens bíblicas como essa em epígrafe. Quando pensamos em um homem ou uma mulher de Deus, logo imaginamos alguém que aceita tudo serenamente, sem jamais contrariar-se. Porém, o correto entendimento desse conceito nas Escrituras deve subentender pessoas santas como instrumentos de Deus, escolhidos para seus propósitos, pela sua infinita graça. Essas pessoas escolhidas devem ser naturalmente separadas das demais – e eis aí a ideia correta de ‘santos’ – para fazer a obra de Deus, obra essa que será realizada por eles, ou apesar deles! Para consolidar o correto entendimento de ‘santo’ é necessário meditar também sobre alguns outros conceitos.

Primeiramente, quando estamos trabalhando em equipe devemos lembrar que, onde há um grupo de pessoas, sempre poderá haver diferença de opiniões. Uma boa equipe não é aquela em que necessariamente todo mundo vê as coisas do mesmo modo. Se isso acontece, provavelmente o líder do grupo impôs a sua própria e única visão. A diferença de opiniões, como a diversidade de dons, é uma das manifestações do Espírito Santo de Deus em cada um de nós, como fica muito claro na Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, Capítulo 12. Todo e qualquer ministério será enriquecido sempre que contemplar a perspectiva e a contribuição de pessoas diferentes entre si e em suas opiniões.

Em segundo lugar, as diferenças entre pessoas, como entre os santos apóstolos, devem ser administradas sob o prisma espiritual. O que causa danos à Igreja é acreditar que as nossas diferenças nos permitem atacar uns aos outros. Por mais dura que seja a oposição, Deus não permite contenda e humilhação entre irmãos, como afirma em:  Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.  Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Efésios 4.31-32).

Finalmente, às vezes a única alternativa é a separação, até entre ‘santos’. Sem dúvida é uma decisão radical, para um problema sério, que só deve ser adotada depois de esgotados todos os meios de consenso. Não se deve deixar de lado facilmente a tentativa de conciliar posições, como Cristo nos ordena quando diz: Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Filipenses 2.3-5).

Após tentar de tudo, a separação pode ser um caminho. Paulo e Barnabé, dois gigantes espirituais, optaram por esta solução entre si. Contudo isso não os desviou do Caminho, e eles continuaram fazendo a obra para a qual foram chamados. Diferenças de opinião não impediram o avanço do Evangelho de Cristo e não constituem um empecilho. Sigamos, pois, em frente em nossa obra, apesar das diferenças que sempre existirão entre nós.


Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO