“Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou
exaltado entre as nações, sou exaltado na terra.”
(Salmos 46.10)
Nos tempos pós-modernos em que vivemos
qualquer espera é cada vez mais desagradável, e alguns segundos perdidos são
vistos invariavelmente como grande prejuízo. Assim, precisamos de computadores cada
vez mais velozes, micro-ondas que aqueçam mais prontamente o que vamos comer ou
beber, e tantas outras coisas mais, que exigimos serem sempre muito rápidas. Os
mais afetados por esse fenômeno são os jovens, que passaram a pressionar os
adultos em atender de imediato todos os seus desejos. Com isso geram desarmonia
e aborrecimentos que poderiam ser evitados, se soubessem esperar o devido
momento para a realização das coisas. Há aspectos graves nessa situação, que
precisam ser ressaltados para serem contornados.
Primeiramente, perdemos o contato com os
meios de produção, não havendo mais noção do tempo que é necessário para que as
coisas sejam prontificadas. O leite, que está logo ali na prateleira do supermercado,
a batata frita e todos os demais produtos não surgem do nada. Tempo e trabalho
são gastos para que tudo esteja à disposição das pessoas. Em época de automação,
somos rapidamente alienados da origem das coisas. Também não nos lembramos da
terra, que produz o fruto, do agricultor, que ara a terra, da chuva, que em seu
devido tempo a alimenta, do sol que seca a umidade excessiva, enfim, do tempo
de plantio, de colheita, da logística... Precisamos urgentemente entender o
apelo de Tiago ao dizer: “Sede, pois, irmãos, pacientes,
até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso
fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas” (Tiago 5.7).
Em segundo lugar, e mais preocupante:
perdemos a intimidade com Deus. O texto em referência essa semana nos convida a
rever a questão. Ter paciência não é apenas saber esperar. Vemos nesse
salmo mais um elemento importante no processo, que é aquietar a mente,
controlando os impulsos de desespero e reconhecendo que Deus está no controle
de tudo. Isto só é possível quando estamos em comunhão permanente com o
Senhor. Assim, podemos definir paciência como o desafio de manter a fé em Deus,
mesmo quando as circunstâncias indicam preocupação e ansiedade. Portanto, PACIÊNCIA
É MAIS DO QUE ESPERA, é permanecer em Deus, confiando no seu poder absoluto e imensa
graça. Só assim teremos paz nos momentos em que a espera é inevitável. Dessa
forma ocorreu ao pai da Fé, enquanto aguardava as promessas de Deus: “E assim, depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa” (Hebreus 6.15). É preciso que
façamos como Abraão, quando as circunstâncias nos impuserem a espera.
É importante salientar que alguns de
nós podem até estar esperando com paciência a providência divina, mas esquecem
de desfrutar esses momentos como fundamentais no plano de Deus para o
crescimento espiritual. Dessa forma, perdem a oportunidade de comunhão diária e
plena com o Criador, na mesma intensidade e fervor que nos cultos de domingo.
Perdem a noção de que o Senhor deve ser exaltado sempre, em todas as situações,
principalmente quando as circunstâncias são adversas. Se esperarmos em Deus,
nenhum tempo será improdutivo. Pelo contrário, essa é a única forma de crescer
na espera, com paciência para que sejam efetivamente trabalhados os sagrados propósitos
de Deus em nossas vidas.
Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO