segunda-feira, 27 de agosto de 2012

QUEM AMA ENTREGA SEMPRE O QUE TEM DE MELHOR


“E dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o Senhor dos Exércitos; vós ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria eu isso da vossa mão? — diz o Senhor”.
(Malaquias 1.13)

Será, de fato, que amamos verdadeiramente a Deus sobre todas as coisas? Sabemos que não dá para penetrar no profundo do coração humano, para de lá extrair essa verdade. Mas a qualidade da adoração e serviço pode fornecer pistas preciosas a esse respeito. Como nos tempos de Neemias, vivenciamos uma sociedade cansada de Deus, que tende a oferecer a Ele sempre o pior, mesmo quando diz que o ama muito. Quanto ao amor de Deus por seu povo nada se pode questionar: “Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o Senhor; todavia, amei a Jacó (Malaquias 1:2). O seu amor é demonstrado, e não apenas afirmado. Já o amor de Israel por Deus infelizmente não é o mesmo, como se verifica no texto da nossa reflexão. A deficiência é sintomática, apontando para um distanciamento de Deus, que se manifesta de duas formas, como veremos a seguir.

Primeiramente, pelo desprezo deliberado. Um estado de indiferença sempre surge quando não estamos mais interessados por algo. Partindo desse pressuposto, o que estava acontecendo naquela época era muito grave. O povo tinha perdido o interesse por aquele que os tinha libertado e mantido ao longo de toda a sua existência até então. Imaginemos a situação como se, inicialmente, o nosso coração sentisse prazer em estar na presença de Deus e dos nossos irmãos. Mas, com o passar do tempo, as coisas fossem mudando. Decepções com pessoas acontecendo, ou simplesmente a incapacidade de ver um sonho realizado, lentamente fossem transformando a nossa paixão. Com isso, poderia ser estabelecido em nossos corações um estado de absoluta indiferença. Não teríamos mais nenhum prazer naquilo que devêssemos fazer e, com isso, deixaríamos de valorizar as graças recebidas, redundando numa segunda postura: a de dar o pior de nós para a obra.

Em segundo lugar, pela qualidade da oferta. Como resultado da sua indiferença por Deus, o povo oferece agora o pior daquilo que tem. Malaquias concentra seu ataque nos sacerdotes de Israel. Eram eles os responsáveis por inspecionar todos os sacrifícios, a fim de evitar que os animais fossem oferecidos cegos, coxos ou doentes (Levítico 22.17-25). Deus espera sempre o melhor de nós. Esse princípio é vital para o entendimento da passagem. Todos somos sacerdotes em Cristo Jesus e, portanto, responsáveis por trazer nosso melhor "sacrifício espiritual” ao Senhor: também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1 Pedro 2.5). O que são esses sacrifícios? Nossos corpos (Romanos 12.1-2), nossas ofertas (Filipenses 4.14-18), nosso louvor (Hebreus 13.15), nossas boas obras (Hebreus 13.16) e as almas que ganhamos para Cristo (Romanos 15.16). Fica a pergunta: estamos realmente entregando o nosso melhor, ou apenas aquilo que nos é mais conveniente? Não devemos nunca esquecer que QUEM AMA ENTREGA SEMPRE O QUE TEM DE MELHOR.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

RECEITA PARA UM MUNDO MELHOR


“Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.”
(Mateus 5.13)

Todos nós sonhamos com um mundo melhor. Mas o que muitas vezes não entendemos é que nós temos um papel fundamental nessa visão. Na mensagem de Jesus, cumprir o nosso papel nessa empreitada é uma questão vital. O mundo se tornará suportável ou não, para nós mesmos, a partir da nossa própria vida. Caso não consigamos cumprir essa missão seremos os maiores prejudicados, pois, sendo lançados fora do plano divino, passamos a ser tratados como uma coisa sem nenhum valor na terra. E essa, por certo, é a mais dura realidade da vida espiritual.

Segundo as palavras de Jesus, devemos desempenhar uma influência vital sobre o mundo. Para explicar essa relação, Cristo toma por base o modelo da ação do sal nos alimentos. Ele aproveita algo que era bem conhecido entre os judeus para explicar a relação do crente com o mundo. O sal tinha duas funções principais: dar sabor e preservar os alimentos. O sal utilizado pelos judeus era encontrado no Mar Morto; apesar de não ser puro, devido à mistura com outros minerais, era acessível a todos. Ao fazer essa comparação, Jesus quis ensinar coisas muito importantes na vida, que todos nós, cristãos, devemos considerar.

A primeira delas é que o sal se mantém totalmente íntegro, independente da comida. Apesar de não ser mais possível vê-lo, depois de acrescentado, podemos identificar com clareza a sua presença na mistura. Não é a comida que dá sabor ao sal, mas sim o contrário. Aprendemos com a lição de Cristo que seus discípulos devem ter uma vida distinta do mundo. Quando participamos de alguma atividade, onde há contato direto com pessoas não crentes, devemos ser distinguidos claramente por intermédio do nosso comportamento e princípios. Em nenhum momento devemos adquirir o “sabor do mundo”. Antes, ao contrário, o mundo deve adquirir sabor através da nossa presença. Como o sal, devemos nos “diluir” na vida, fazendo com que Cristo se torne visível por intermédio de nós.

Também aprendemos na lição de Cristo que a influência do sal se dá naturalmente ao ser misturado com os alimentos. Na verdade não há uma reação química que produza o sabor salgado. O sal continua sendo sal, e o alimento também: o sabor se dá simplesmente pela presença do sal na mistura. Devemos entender com isso que a nossa presença é modificadora, bastando para isso sermos “o sal da terra”. Nossa importância está no que realmente somos e representamos, e o nosso foco deve se assentar sempre nesse princípio básico.

Podemos depreender ainda que há uma dosagem certa de sal a ser colocada nos alimentos. Pouco sal não tempera, muito a inutiliza. Do mesmo jeito, a nossa presença no mundo dever ser na dosagem certa. Essa presença pode trazer benefícios, mas também prejuízos. Podemos até afastar as pessoas, se a nossa “influência” não for bem dosada.

Finalmente, o exemplo do sal como conservante de alimentos, em especial a carne, nos faz pensar que a Igreja de Jesus Cristo na terra é fundamental para preservar a vida no mundo caído, em sua inevitavél decomposição. Devemos ser a ação redentora de Deus! Assim, sendo “o sal da terra”, por certo comporemos a RECEITA PARA UM MUNDO MELHOR.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

AMOR COMUM DE PAI PARA FILHOS TÃO DIFERENTES


“E disse: Um certo homem tinha dois filhos;  e o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.”
(Lucas 15.11-14)

Os pais normalmente têm dificuldades em aceitar a realidade de que seus filhos não são iguais entre si. Qual pai não gostaria que todos os seus filhos tivessem um padrão de caráter e comportamento exemplar? Precisamos entender que na dinâmica do mundo em pecado as coisas não são bem assim. Essa dura realidade se tornou visível logo após a queda do homem, ao vermos a evidente diferença entre Caim e Abel (Gênesis 4.2-8). No entanto, se por um lado o pecado afetou o coração dos filhos, tornando-os tão diferentes, o coração do Pai permaneceu o mesmo, cheio de amor e bondade para com os seus.

A parábola iniciada no texto acima mostra que Deus é Pai de justos e pecadores, de fariseus e de coletores de impostos. Nosso Salvador dá-nos a entender com isso que tanto os orgulhosos fariseus como os desprezados publicanos tinham um Pai. Portanto, deviam alegrar-se na graça de Deus, que alcançava a ambos imerecidamente, apesar das suas diferenças.

Os filhos nesta parábola tinham temperamento e caráter distintos. Um reservado, rigoroso, sóbrio, até mal humorado ao cumprir suas obrigações, representando os escribas e fariseus; o outro é irresponsável, impaciente, ansioso pela sua herança, representando assim os publicanos e pecadores. O irresponsável logo foi à ruína. O texto a seguir nos relata o que lhe aconteceu ao passar necessidades: E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada” (Lucas 15.15-16).

Pais precisam aprender com essa parábola que seu amor e carinho devem superar todas as diferenças, quando percebem um coração de filho arrependido: “E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou” (Lucas 15.20). Isso mostra que o pai expressou seu amor e perdão antes mesmo do filho expressar o seu arrependimento.

Concluímos, portanto, que Deus nos responde antes mesmo de ouvir nossas orações, porque já sabe o que está em nossos corações. Há olhos de misericórdia em (...) quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão (...); como se estivesse no alto de uma torre acompanhando todos os movimentos do filho, esperando a primeira oportunidade para agir piedosamente. Nós também temos um Deus que é Pai, pronto a ir ao encontro daqueles que a Ele retornam, apesar da tristeza e dos ferimentos deixados, demonstrando um AMOR COMUM DE PAI PARA FILHOS TÃO DIFERENTES. Sejamos também assim nas relações paternais com os nossos filhos.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

DO CÉU VEM SEMPRE A MELHOR NOTÍCIA

“O rei me disse: Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração. Então, temi sobremaneira  e lhe respondi: viva o rei para sempre! Como não me estaria triste o rosto se a cidade, onde estão os sepulcros de meus pais, está assolada e tem as portas consumidas pelo fogo?”
(Neemias 2.2-3)

Se por um lado a boa notícia alegra o nosso coração, do outro a má notícia tem um potencial muito grande de nos deixar abatidos. A realidade é que no mundo moderno não podemos nos livrar do fluxo contínuo de informações. Elas se propagam por diversos meios e, assim, somos sempre alcançados por boas ou más novas, mesmo nos mais remotos lugares onde possamos estar.

O capítulo primeiro do livro de Neemias mostra um exemplo dessa realidade. Ali encontramos a narrativa do encontro de Neemias com Hanani, um judeu que havia chegado de Jerusalém. Neemias, ansioso por saber como estava a sua terra natal, solicitou um relatório sobre os judeus que lá tinham ficado escapando do exílio. As notícias não eram nada boas: Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas, queimadas” (Neemias 1.3). Essas notícias causaram grande tristeza em Neemias, que começou a chorar.

Como na época de Neemias, vivemos hoje tempos difíceis, onde as más notícias parecem ser mais abundantes do que as boas. Esposas matando maridos, esposos assassinando suas esposas e os próprios filhos, a corrupção que avança desenfreada, a miséria permanente em diversos lugares do nosso país... Além disso, ainda temos notícias de igrejas que, dizendo-se portadoras do Evangelho, estão sendo envolvidas em escândalos de toda natureza, maculando a mensagem da paz e da salvação de Jesus Cristo.

Como lidar então com essa realidade? De fato, o que vai fazer a diferença é não deixar que tudo isso nos desanime. A tristeza de Neemias, em vez de afastá-lo de Deus, o levou para mais próximo do Senhor. Ele colocou toda a sua angústia diante do trono de Deus, pedindo misericórdia e reconhecendo que tudo aquilo fora resultado de uma geração afastada de Deus. Só o Pai poderia mudar aquela história. Enquanto conversa com Deus sobre a sua dor, algo novo começou a surgir, um desejo de fazer alguma coisa para mudar a realidade. Se algo precisa ser diferente, então vamos começar por nós mesmos. E foi isso exatamente o que Neemias fez.

Precisamos aplicar essa lição em nossas vidas: as más notícias não podem nos desanimar. Qualquer tristeza decorrente delas deve servir como estímulo para fazer algo ainda mais produtivo para a obra de Deus. Aquilo que vemos e ouvimos, quando colocados diante do Senhor, servirá de motivação para avançar, e não retroceder. Nosso Deus age também nas tempestades. Aliás, há aspectos do Pai que só iremos conhecer em momentos de angústias e tristezas. Nesses momentos é que descobrimos realmente o quanto somos amados. Assim, tiremos o foco dos problemas e passemos a colocá-los diante de Deus. Quando estamos vivendo tempos difíceis, DO CÉU VEM SEMPRE A MELHOR NOTÍCIA: Jesus é o nosso Senhor.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO