“E
dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o Senhor dos Exércitos; vós
ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria
eu isso da vossa mão? — diz o Senhor”.
(Malaquias 1.13)
Será, de fato, que amamos verdadeiramente
a Deus sobre todas as coisas? Sabemos que não dá para penetrar no profundo do
coração humano, para de lá extrair essa verdade. Mas a qualidade da adoração
e serviço pode fornecer pistas preciosas a esse respeito. Como nos tempos
de Neemias, vivenciamos uma sociedade cansada de Deus, que tende a oferecer a
Ele sempre o pior, mesmo quando diz que o ama muito. Quanto ao amor de Deus por
seu povo nada se pode questionar: “Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis:
Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o Senhor; todavia,
amei a Jacó (Malaquias 1:2). O seu amor é
demonstrado, e não apenas afirmado. Já o amor de Israel por Deus infelizmente
não é o mesmo, como se verifica no texto da nossa reflexão. A deficiência
é sintomática, apontando para um distanciamento de Deus, que se manifesta de
duas formas, como veremos a seguir.
Primeiramente, pelo desprezo
deliberado. Um estado de indiferença sempre surge quando não estamos mais
interessados por algo. Partindo desse pressuposto, o que estava acontecendo naquela
época era muito grave. O povo tinha perdido o interesse por aquele que os tinha
libertado e mantido ao longo de toda a sua existência até então. Imaginemos a
situação como se, inicialmente, o nosso coração sentisse prazer em estar na
presença de Deus e dos nossos irmãos. Mas, com o passar do tempo, as coisas
fossem mudando. Decepções com pessoas acontecendo, ou simplesmente a
incapacidade de ver um sonho realizado, lentamente fossem transformando a nossa
paixão. Com isso, poderia ser estabelecido em nossos corações um estado de absoluta
indiferença. Não teríamos mais nenhum prazer naquilo que devêssemos fazer e, com
isso, deixaríamos de valorizar as graças recebidas, redundando numa segunda
postura: a de dar o pior de nós para a obra.
Em segundo lugar, pela qualidade
da oferta. Como resultado da sua indiferença por Deus, o povo oferece agora o
pior daquilo que tem. Malaquias concentra seu ataque nos sacerdotes de Israel.
Eram eles os responsáveis por inspecionar todos os sacrifícios, a fim de evitar
que os animais fossem oferecidos cegos, coxos ou doentes (Levítico 22.17-25).
Deus espera sempre o melhor de nós. Esse princípio é vital para o entendimento
da passagem. Todos somos sacerdotes em Cristo Jesus e, portanto, responsáveis por trazer
nosso melhor "sacrifício espiritual” ao Senhor: “também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para
serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis
a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1 Pedro 2.5). O que são
esses sacrifícios? Nossos corpos (Romanos 12.1-2), nossas ofertas (Filipenses
4.14-18), nosso louvor (Hebreus 13.15), nossas boas obras (Hebreus 13.16) e as
almas que ganhamos para Cristo (Romanos 15.16). Fica a pergunta: estamos
realmente entregando o nosso melhor, ou apenas aquilo que nos é mais
conveniente? Não devemos nunca esquecer que QUEM AMA ENTREGA SEMPRE O QUE TEM
DE MELHOR.
Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO