“No sentido de que, quanto ao trato passado, vos
despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão
procedentes da verdade.”
(Efésios 4.22-24)
A falta de evidências da verdadeira
conversão, entre aqueles que professam crer no Senhor Jesus, foi e continua
sendo uma preocupação da Igreja do Nosso Senhor e Salvador nos tempos atuais.
Muitas vezes encontramos pessoas que frequentam igrejas há anos, cujo
comportamento, porém, está longe do que se espera de um servo de Deus. A
resistência à mudança soa como um ato de desobediência, já que fomos instruídos
pelo próprio Cristo sobre a necessidade de mudar. Dessa forma, o “Mas não foi assim que aprendestes a Cristo” (Efésios
4.20) denuncia o ato de desobediência deliberada, ressaltando a ruptura
radical que deve existir entre o “antes” e o “depois” de Cristo na vida dos
convertidos. Nas palavras do apóstolo Paulo, isso é comparado a um “despir-se”
e logo depois “revestir-se”. Dentro desse contexto, espera-se que a mudança
seja perceptível entre o “outrora” e o “agora”.
Biblicamente, todo convertido “morre” para sua vida
anterior, “despindo-se do velho
ser humano”. Portanto, espera-se que, como afirma a Palavra, “Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas
vivos para Deus, em Cristo Jesus” (Rm 6.11). Essa forma de encarar a fé inevitavelmente
torna-se visível em determinados comportamentos. Em virtude disso é que surge o
imperativo de Paulo para “que
vos dispais do velho ser humano conforme o modo de vida passado”.
Quando o apóstolo usa a metáfora “despir” e “vestir”, fala de algo que deve acontecer
na vida de todo novo convertido, individualmente. Escrevendo aos romanos, Paulo
fala de “despir-se das obras das trevas”. Utiliza também uma linguagem
figurada ao dizer que “Vai alta à noite, e vem
chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas
da luz” (Romanos 13.12). Mas, afinal, que
obras das trevas são essas a que o apóstolo se refere?
Por certo, ele reitera o que já havia dito aos
irmãos da igreja em Colossos – “Agora, porém, despojai-vos,
igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem
obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros,
uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento,
segundo a imagem daquele que o criou” (Colossenses 3.8-10). Portanto, as trevas são a ira, rancor, maldade, maledicência, palavras
obscenas e mentiras.
O livramento dessas posturas e atitudes é possível
porque uma transformação fundamental ocorre antes: o “despir-se do velho ser
humano”, juntamente com tudo que o acompanhava. Em vez de manter os comportamentos
anteriores à conversão, o discípulo de Cristo deve andar na verdade, com
ternura, generosidade, proferindo palavras de edificação e carinho. Isso
somente é possível devido à ação renovadora do Espirito Santo: “e fostes renovados no espírito do
vosso entendimento”, ressalta Paulo. O “novo espírito” é o Espírito Santo
de Deus, que preenche nossas vidas. Ele renova os sentidos, o coração e a razão
dos crentes, gerando a consciência de que fomos CHAMADOS PARA SER DIFERENTES.
Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO