“E
disse: Um certo homem tinha dois filhos; e o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a
parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos
dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra
longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo
ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer
necessidades.”
(Lucas 15.11-14)
Os pais normalmente têm
dificuldades em aceitar a realidade de que seus filhos não são iguais entre si.
Qual pai não gostaria que todos os seus filhos tivessem um padrão de caráter e
comportamento exemplar? Precisamos entender que na dinâmica do mundo em pecado
as coisas não são bem assim. Essa dura realidade se tornou visível logo após a
queda do homem, ao vermos a evidente diferença entre Caim e Abel (Gênesis 4.2-8).
No entanto, se por um lado o pecado afetou o coração dos filhos, tornando-os
tão diferentes, o coração do Pai permaneceu o mesmo, cheio de amor e bondade
para com os seus.
A parábola iniciada no texto
acima mostra que Deus é Pai de justos e pecadores, de fariseus e de coletores
de impostos. Nosso Salvador dá-nos a entender com isso que tanto os orgulhosos
fariseus como os desprezados publicanos tinham um Pai. Portanto, deviam alegrar-se
na graça de Deus, que alcançava a ambos imerecidamente, apesar das suas diferenças.
Os filhos nesta parábola tinham temperamento
e caráter distintos. Um reservado, rigoroso, sóbrio, até mal humorado ao cumprir
suas obrigações, representando os escribas e fariseus; o outro é irresponsável,
impaciente, ansioso pela sua herança, representando
assim os publicanos e pecadores. O irresponsável logo foi à ruína. O texto a
seguir nos relata o que lhe aconteceu ao passar necessidades: “E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela
terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. E desejava
encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava
nada” (Lucas 15.15-16).
Pais precisam aprender com essa
parábola que seu amor e carinho devem superar todas as diferenças, quando
percebem um coração de filho arrependido: “E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda
estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe
ao pescoço e o beijou” (Lucas 15.20). Isso mostra que o pai expressou seu
amor e perdão antes mesmo do filho expressar o seu arrependimento.
Concluímos, portanto, que Deus
nos responde antes mesmo de ouvir nossas orações, porque já sabe o que está em
nossos corações. Há olhos de misericórdia em (...) quando ainda
estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão (...); como se estivesse no alto
de uma torre acompanhando todos os movimentos do filho, esperando a primeira
oportunidade para agir piedosamente. Nós também temos um Deus que é Pai, pronto
a ir ao encontro daqueles que a Ele retornam, apesar da tristeza e dos
ferimentos deixados, demonstrando um AMOR COMUM DE PAI PARA FILHOS TÃO
DIFERENTES. Sejamos também assim nas relações paternais
com os nossos filhos.
Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO