sábado, 29 de dezembro de 2012

UM LUGAR PARA JESUS


“e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.”
(Lucas 2.7)

É realmente impressionante pensar que a História, ainda hoje, continua a mesma: Jesus sem encontrar pousada em muitos corações. Quando do seu nascimento, Jesus também não teve lugar para ficar, como nos mostra o texto em referência. Esse fato não mudou muito quando ele já era adulto: “(...) mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lucas 9.58). E a rejeição continua na sua Igreja – “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo” (Apocalipse 3.20) – e na humanidade em geral: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa” (1 Pedro 2.4).

Essa rejeição não é inocente. Em sua essência, expresa a condição de um mundo caído, que rejeita a luz, pois jaz no Maligno. Assim, muitos deixam de desfrutar do maior presente já dado por Deus na História da humanidade. A narrativa de hoje mostra como a falta de uma decisão acertada pode nos privar do maior e mais importante valor. Mas afinal, o que poderia levar alguém a não abrir o coração para Jesus entrar em sua vida? Muitos motivos podem ser apresentados, mas vamos nos concentrar em apenas três deles.

O primeiro motivo é que muitos desconhecem ou estão cegos para o imensurável valor do nosso Messias. Jamais negaríamos lugar para alguma coisa que entendêssemos ter valor. Não largarmos por aí o nosso dinheiro, por exemplo, ou ainda os nossos bens e qualquer outra coisa a que atribuímos algum valor. Por não reconhecer o valor de Jesus Cristo, muitos perdem a oportunidade de desfrutar do Messias prometido, do Salvador que nos livra da culpa e do poder do pecado, do Rei eterno e detentor de todo poder nos céus e na terra.

Como segundo motivo temos que o valor de Cristo, quando conhecido, pode ser mal entendido e, assim, não lhe é dado um lugar adequado. As pessoas geralmente colocam as coisas materiais acima das espirituais. Estão mais preocupadas com a condição social e colocam o dinheiro acima dos valores do Reino de Deus. Se o dono da hospedaria não tivesse julgado as aparências daquela família, poderia ter compreendido o valor daquele que estava no ventre de Maria e, certamente, teria reservado o melhor lugar para a sua hospedagem.

Finalmente, o terceiro motivo é a rejeição pura e simples ao valor de Jesus, mesmo quando temos conhecimento e entendimento sobre ele como o Messias. Falta, então, sabedoria para viver plenamente uma vida em Cristo. O dono da hospedaria enviou Maria para conceber o Salvador junto aos animais da estrebaria. Este é um grande paradoxo: Jesus ter vindo ao mundo para salvar a humanidade, mas ser sido recebido entre os animais da terra.

É lamentável constatar que Jesus ainda não tenha sido acolhido nos corações de grande parte das pessoas. Em decorrência disso muitos estão sem direção, sem esperança e sem a Luz que ilumina na escuridão, pois o mundo é de trevas. E o mais grave: muitos estarão sujeitos a serem condenados à morte física e espiritual, pois sem Jesus não há salvação para a vida eterna no Reino de Deus. Assim, com a chegada do Natal, não deixe a História se repetir em você. Que ao menos em seu coração haja sempre UM LUGAR PARA JESUS.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

LADRÕES DE CORAÇÕES


“Levantando-se Absalão pela manhã, parava à entrada da porta; e a todo homem que tinha alguma demanda para vir ao rei a juízo, o chamava Absalão a si e lhe dizia: De que cidade és tu? Ele respondia: De tal tribo de Israel é teu servo. Então, Absalão lhe dizia: Olha, a tua causa é boa e reta, porém não tens quem te ouça da parte do rei. (...) Desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo e, assim, ele furtava o coração  dos homens de Israel.”
(2 Samuel 15.2-3, 6)

A experiência deixada pela 2º Guerra Mundial, no século passado, nos dá a dimensão de como um grande líder pode ser usado não para fazer o bem, mas para praticar muitos males. Na reflexão de hoje, queremos destacar o personagem bíblico Absalão, filho de Davi, como um exemplo de liderança negativa. Foi ele, sem dúvida, alguém com grande habilidade de convencer as pessoas. Porém não para fazer o bem, mas sim o mal. Foram inegáveis as qualidades de Absalão como um grande líder. Caso tivesse usado essa capacidade de outra forma, a sua história poderia ter sido muito diferente.

A estratégia de Absalão, ao ‘furtar o coração’ das pessoas, nos permite entender como alguém pode ser inteligente o suficiente para prejudicar, com eficiência, o trabalho de um líder. Sem confrontar diretamente a autoridade do rei Davi, seu pai, ele trabalha pacientemente o coração do povo, convencendo pessoa por pessoa de supostas deficiências existentes no reino. Ao não lembrar os grandes feitos de Davi no passado, ele traz a tona apenas as dificuldades enfrentadas no momento, colocando a culpa de tudo no seu próprio pai. Dessa forma, ele usa a mesma estratégia do mal no coração das pessoas incautas. Satanás ressalta sempre os problemas pessoais vividos no presente, sem deixar ver tudo o que Deus, nosso Pai, já realizou na vida de todos nós.

É válido destacar que, ao contrário de Deus, o rei Davi havia negligenciado em atender as necessidades básicas do seu povo. Toda vez que um líder deixa de cumprir a sua função de líder, abre espaço para a ação de lideranças negativas no seu universo. A insatisfação e a frustração compõem terreno fértil para fazer crescer a semente da discórdia entre as pessoas. É sempre muito mais difícil conquistar o coração de alguém que se sente amado e bem cuidado. Como líderes, devemos sempre ter em mente esse aspecto fundamental da liderança positiva. Se bem cumprirmos cada um de nós a nossa função como líder, não haverá espaço para lideranças negativas em nosso ambiente. Os ladrões, por certo, agem com mais facilidade quando encontram a porta aberta. Dessa forma, precisamos fechar todas as portas para o mal, por intermédio de um trabalho leal, intenso e com total dedicação aos liderados.

Porém, é certo que nunca teremos a certeza absoluta de que o ladrão não entrará em nossa casa, por mais segura que ela seja. Mas precisamos dificultar ao máximo o seu trabalho. Nosso objetivo, como líderes, é compartilhar a graça e o amor de Cristo com as pessoas. Precisamos ser sempre amáveis e cordiais para com todos. Assim, reduzimos o espaço de ação dos LADRÕES DE CORAÇÕES, fazendo com que todos sintam o seu valor no amor de Jesus.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A LIDERANÇA REVELADA NAS ADVERSIDADES


“Disse, pois, Jônatas ao seu escudeiro: Vem, passemos à guarnição destes incircuncisos; porventura, o Senhor nos ajudará nisto, porque para o Senhor nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos.”
(1 Samuel 14.6)

Ao contemplarmos a História, vemos que algumas pessoas tiveram participação especial na trajetória dos seus povos. São aqueles que foram capazes de realizar o que seria impossível para a grande maioria. São esses os grandes líderes, que são revelados em algum momento especial para cada povo. Jônatas, filho do rei Saul de Israel, é um desses personagens da História. Ele acumulou para si atributos irrepreensíveis de coragem, generosidade e devoção integral à causa do seu povo. Inicialmente a Bíblia nada descreve sobre ele. Mas quando é citado pela primeira vez já aparece tendo sob seu comando mil homens de Israel, prontos para uma batalha (cap. 13.2). Em Jônatas encontramos algumas características especiais, indispensáveis para compor o perfil de um grande líder.

A verdadeira liderança é normalmente revelada em situações de crise. No lugar de desespero e aflição, vemos que um líder mantém a calma frente às circunstâncias adversas, eleva a visão acima da situação e contempla o que ninguém consegue ver naquele momento. Porém, a liderança deve ser exercida com cuidadosa estratégia, evitando fazer face ao desencorajamento por parte das pessoas que não têm a mesma visão privilegiada do líder: O povo não sabia que Jônatas tinha ido” (v.3b). Jônatas sai secretamente à noite, ao início madrugada, levando com ele apenas o seu escudeiro. Se comunicasse de antemão o projeto aos seus pares, mesmo que para si mesmo fosse uma tarefa viável, seria o mesmo que frustrar a sua realização por restrições dos demais. Ele sente um chamado especial para realizar algo importante e, assim, prossegue na ação com empenho e confiança inabaláveis.

O líder mantém firme a convicção da aliança de Deus consigo e com o seu povo: "Disse, pois, Jônatas ao seu escudeiro: Vem, passemos à guarnição destes incircuncisos (...)” (v.6a). Observe aqui que a confiança de Jonatas não era apenas em si, mas principalmente no seu Deus da aliança. Por confiar nas promessas do Senhor, ele seguiu em frente sem titubear. Para Jonatas não importava quantos estavam ao seu lado na missão. O mais importante era a certeza de que Deus seria fiel em cumprir as suas promessas: “ (...) porque para o Senhor nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos” (v.6b).

O líder é sempre muito responsável naquilo que faz, pois a confiança em Deus não significa deixar de adotar as táticas adequadas a cada vitória: Se nos disserem assim: Parai até que cheguemos a vós outros; então, ficaremos onde estamos e não subiremos a eles. Porém se disserem: Subi a nós; então, subiremos, pois o Senhor no-los entregou nas mãos. Isto nos servirá de sinal” (v.9-10). De igual modo, o autocrontole é um dos ingredientes imprescindíveis ao comportamento de grandes líderes. Na verdade, a capacidade de manter a calma em momentos de crise é que irá distinguir o líder de um chefe qualquer. O fato de observar com atenção todas as circunstâncias antes de agir, também contribui sobremaneira para o advento do sucesso. Podemos concluir afirmando que é nos momentos de crise que conhecemos os grandes líderes na vida, demonstrando nesse texto bíblico que A LIDERANÇA REVELADA NAS ADVERSIDADES pode fazer a diferença no destino de um povo.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O VALOR DAS GRANDES OPORTUNIDADES


“Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi.”
(Atos 8.26)

Uma oportunidade é como, de repente, você encontrar um navio que te leve ao lugar com o qual você sonha, mas não tem, ou mesmo não sabe como ir. A oportunidade, nessa forma de entendimento, é como um porto, pois sem ele você não tem como embarcar, e muito menos o navio como zarpar.

As oportunidades em nossas vidas, assim, são momentos muito preciosos e, às vezes, difíceis de identificar. Mas são sempre indispensáveis ao nosso crescimento. Esses momentos, assim como as oportunidades espirituais ou mesmo materiais que proporcionam, são facultados graciosamente por Deus a cada um de nós, ao longo de nossa existência terrena.

O texto de hoje trata, entre outros aspectos, de duas pessoas que souberam bem aproveitar as boas oportunidades dadas por Deus. Filipe não perdeu tempo quando surgiu um momento oportuno de pregar o evangelho de Cristo, mesmo sabendo de antemão estar deserto o lugar para onde foi direcionado pelo anjo do Senhor.

Por seu lado, o eunuco não desperdiçou um só minuto da sua viagem, lendo interessadamente partes das Sagradas Escrituras que havia adquirido na visita a Jerusalém: Eis que um etíope, eunuco, alto oficial de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todo o seu tesouro, que viera adorar em Jerusalém,  estava de volta e, assentado no seu carro, vinha lendo o profeta Isaías” (v. 27,28).

Felipe, então, move-se com muita agilidade para atender à voz do Espirito, correndo em direção ao carro que levava o etíope. Com essa atitude, ele aproveita a boa oportunidade de iniciar uma conversa sobre o Senhor nosso Deus: “Correndo Filipe, ouviu-o ler o profeta Isaías e perguntou: Compreendes o que vens lendo?” (v.30). A indagação frutifica e o eunuco responde a Filipe com outra pergunta: “(...) Como poderei entender, se alguém não me explicar? E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele” (v. 31). Vemos as oportunidades sendo mutuamente aproveitadas, com resultados maravilhosos para ambas as partes.

Após entender a Palavra de Deus, o eunuco toma a melhor decisão de sua vida - ser batizado: Seguindo eles caminho fora, chegando a certo lugar onde havia água, disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que seja eu batizado?” (v. 36). Ele não sabia se veria novamente a Filipe, e não quiz perder a grande oportunidade posta diante dele. A viagem seria longa. Ele fez questão, então, de ter logo a sua vida em aliança com Deus, selada pelo batismo.

O texto faz refletir sobre perder oportunidades na vida, como simplesmente pregar o Evangelho, ao não percebermos o valor desses momentos. Há Bíblias em nossas casas e não valorizamos a leitura da Palavra, em uma devocional diária com Deus; perdemos tantas chances de aproveitar melhor a comunhão com irmãos mais experientes na Fé; deixamos para depois uma aliança séria com Deus, pelo batismo. Por tudo isso, alguns são como que cegos de espírito, ao não ver claramente o VALOR DAS GRANDES OPORTUNIDADES nas suas vidas.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A IMPORTÂNCIA DAS DECISÕES EM NOSSAS VIDAS


“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.”
(Rute 1.16-17)

Seguir na direção correta, quando estamos em meio a tempestades, não é uma tarefa fácil. No transcurso das aflições tudo fica mais difícil, e cada passo que damos é incerto e potencialmente perigoso. A nossa fragilidade se revela com maior clareza nas crises, e tomar a decisão acertada pode ser o divisor de águas entre vitória ou fracasso.

Entre outros assuntos, o processo decisório na vida das pessoas é ressaltado no livro de Rute. De fato, em suas breves páginas os personagens centrais – Noemi, Rute e Boaz – tomam grandes decisões. O livro ressalta o rumo posterior de cada personagem dessa passagem bíblica, demonstrando a importância das decisões tomadas.

Nos dois versículos citados vemos que Rute tomou as decisões que normalmente afetam a história de toda uma vida, como escolher o rumo certo a seguir: seguir-te; porque, aonde quer que fores irei eu”, o lugar adequado para se morar: “onde quer que pousares, ali pousarei eu”, os melhores amigos para se relacionar: “o teu povo é o meu povo”, o Deus verdadeiro a quem servir: “o teu Deus é o meu Deus” e, finalmente, o futuro segundo a vontade de Deus: “faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti”.

Todos nós precisamos decidir pelos caminhos certos a seguir na vida. Muitas pessoas simplesmente estão enganadas em sua caminhada e, assim, seguem a passos largos para a sua própria destruição. Quando estamos no rumo certo, mesmo que devagar no trajeto, chegaremos num “porto seguro”. Ao contrário, a pressa só aproxima da ruína e destruição.

Muitos não conseguem enxergar a importância de viver no lugar certo. As boas oportunidades – ou a ausência delas – têm a ver com o contexto a nossa volta. A vizinhança, por exemplo, traduz bons pretendentes ao casamento de nossos filhos, segurança da família e muitos outros aspectos. Da mesma forma, a escolha dos amigos pode parecer algo simples e de menor peso, mas garantirá momentos melhores ou piores de convivência. Bons amigos influenciarão positivamente, estando sempre ao nosso lado nos momentos difíceis da vida. Já os falsos amigos podem nos induzir a situações equivocadas e até desastrosas.

Acima de tudo, porém, está a decisão mais importante, que é a escolha do Deus a quem servir. A opção pelo Deus verdadeiro significa vitória, fazendo ver o mundo sob uma ótica totalmente nova. Tudo passa a ter, assim, uma perspectiva vista dos céus, e não mais da terra. A nova vida em Cristo Jesus transforma por completo o crente e as suas relações, dando significado completo quando se ressalta A IMPORTÂNCIA DAS DECISÕES EM NOSSAS VIDAS.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

DO OUTRO LADO DO RIO


“Porém os sacerdotes que levavam a arca da Aliança do Senhor pararam firmes no meio do Jordão, e todo o Israel passou a pé enxuto, atravessando o Jordão.”
( Josué 3.17)

A maioria de nós teme passar por uma situação de crise e, se possível, gostaria de nunca ter que enfrentar uma. Antes, preferimos momentos de tranquilidade e conforto, a ter que enfrentar o estresse de momentos de tensão, que são normalmente gerados pelas crises. O que muitos não percebem é que nesses momentos temos a oportunidade de experimentar mudanças de atitude importantes, que não ocorrem no curso normal da vida. Se você, agora mesmo, está passando por uma crise aguda, não desanime: haverá sempre um despojo esperando por aquele que se dispõe a “passar para o outro lado do rio”. Quando meditamos na passagem de hoje podemos tirar dela valiosas lições para tempos de crises.

A primeira lição é que os obstáculos nunca resistem à fé do povo de Deus. Não importa o tamanho dos problemas, pois certamente, com fé, poderemos enfrentá-los sem temer. Não devemos ficar imobilizados pelo medo, mas continuar avançando, mesmo quando surgem obstáculos à nossa frente. Agora mesmo, muitos de nossos irmãos e irmãs podem estar com medo de atravessar o “Rio Jordão” de suas vidas. O medo faz parte da natureza humana, mas não deve impedir a caminhada. Se olharmos para Deus, nosso Senhor e Sumo Sacerdote, que vai sempre à nossa frente, teremos coragem de tocar com os nossos pés as águas do Jordão, e elas vão se abrir para nossa passagem por terreno seco e seguro, como aconteceu aos israelitas naquela situação.

Aprendemos também a lição de que o Senhor sempre faz completa a sua benção, visto que o texto nos informa que eles passaram em terra enxuta, e nenhuma lama ou lodo foi deixado no caminho. Quando nos abençoa, Deus o faz de forma completa e não parcialmente. Nós é que não temos a capacidade de compreender plenamente a sua ação em nossas vidas, e o modo como tudo o que ele faz é sempre na medida certa. Deus fez o universo por completo, nos deu um Salvador completo, uma Palavra – a Bíblia – completa, e também nos abençoa por completo. Ele não concedeu a passagem do Jordão pela metade, mas sim a travessia inteira. Assim também ele faz quando opera em nossas vidas.

A derradeira lição é a de que, na vida, haverá sempre rios de dificuldades para serem atravessados. As “uvas grandes” e a “boa terra” estavam do outro lado do Jordão. Eles precisavam atravessar o rio para poder desfrutar dessas bênçãos. O custo das travessias nunca será em vão. Todos nós devemos lutar por aquilo que realmente achamos importante e, sempre que surgir algo que se interponha ao caminho da nossa promessa, devemos confiar em Deus, olhar para o alto, e seguir em frente. É bem certo que nossas bênçãos são submetidas ao crivo de uma vida em santidade. A nossa vitória será edificada sobre os alicerces da nossa santidade: Disse Josué ao povo: Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Josué 3.5). Não devemos nunca nos esquecer de que apenas os santos poderão desfrutar das bênçãos que estão nos esperando DO OUTRO LADO DO RIO.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

OCUPADOS DEMAIS PARA DEUS


Indo eles caminho fora, alguém lhe disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores (...) Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus.
(Lucas 9.57-62)

Como é comum em qualquer tempo, a fama sempre atrai pessoas desejosas de estar por perto daqueles que são o foco da sua admiração. E no tempo de Cristo isto não foi diferente. Em certa altura do seu ministério, muitos foram os voluntários para o seguir. No entanto, Jesus deixou bem claro que exigia muito mais do que apenas voluntários, pois o Reino de Deus é reservado aos verdadeiros servos.

O primeiro voluntário disse: Seguir-te-ei para onde quer que fores.  Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça (v. 57-58). Jesus não ofereceu nenhuma estabilidade material aos seus discípulos. A sua missão era totalmente dirigida pela vontade do Pai, independentemente de qualquer segurança ou conforto. O verdadeiro servo sabe que a prioridade é sempre fazer a vontade do seu Senhor.

O segundo voluntário também o queria seguir, mas tinha algo mais importante a fazer antes: nada menos do que enterrar o pai. Naquele tempo essa expressão também significava cuidar até que o pai morresse:  "Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus" (v. 59-60). Para Jesus o chamado do Pai deve estar acima de qualquer outra coisa terrena. Mesmo frente a um compromisso compreensível e nobre, como cuidar da própria família, o verdadeiro servo de Deus deve entender que a sua obra não pode ser adiada por isso. Não há nada de errado em cuidar dos nossos entes queridos. Mas essa atitude se transforma em problema quando impede a completa e integral dedicação à Deus.

Enfim, temos o voluntário gentil e educado: A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus (v. 61-62). Ele só queria despedir-se dos seus, e não há nada de errado em ser gentil com o próximo, muito menos com a própria família. Mas, segundo Jesus, para o grande compromisso até a despedida é um tempo perdido.

O texto de hoje é uma boa lição para os crentes voluntários de nossos dias. Há pessoas que muitas vezes se entusiasmam ao participar de programações da igreja e, depois, querem contribuir de alguma forma para que essa sua euforia seja mantida. Infelizmente existe uma grande distância entre ser voluntário e ser servo. Nas palavras de Jesus, diante do tamanho dos desafios, só servos conseguem manter a missão; os voluntários têm dificuldades frente a tão grande compromisso. Os servos conseguem manter o olhar sempre à frente, para onde vai o seu Senhor. Eles sabem que olhar para trás significa tirar os olhos de Cristo e, portanto, não hesitam em seguir determinados até o fim. Ao contrário dos verdadeiros servos, aqueles que são apenas voluntários estarão sempre OCUPADOS DEMAIS PARA DEUS.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

CONSELHO DE QUEM JÁ VIVEU UM POUCO MAIS


“Dura resposta deu o rei ao povo, porque desprezara o conselho que os anciãos lhe haviam dado; e lhe falou segundo o conselho dos jovens, dizendo: Meu pai fez pesado o vosso jugo, porém eu ainda o agravarei; meu pai vos castigou com açoites; eu, porém, vos castigarei com escorpiões.”
(1 Reis 12.13-14)

O desprezo ao potencial daqueles que já alcançaram idade mais avançada pode trazer consequências muito graves. A ênfase exagerada na juventude, colocando os mais vividos em segundo plano, despreza a grande contribuição que eles podem nos dar. Muitas vezes a opinião dos mais velhos é considerada ‘retrógrada’ e, por isso, rejeitada por aqueles que se consideram ‘modernos’.

O texto de hoje é um exemplo de que essa opinião está equivocada, nos ensinando a considerar com muito respeito o conselho daqueles que já viveram mais do que nós. Suas experiências e observações devem ser levadas em conta com todo o carinho, e desconsiderá-las pode custar muito caro.

A passagem retrata não só diferentes opiniões sobre uma mesma situação, mas também a diferença de abordagem entre duas gerações. De um lado os jovens, cheios de sonhos e pouca experiência. No vigor da sua juventude se elevam à condição de ‘semideuses’, desprezando a experiência acumulada por aqueles mais experimentados pelo tempo.  Do outro os idosos, sem sonhos ou idealismos exagerados, mas apoiados na prudência de quem já viveu o bastante para compreender o valor do seu aconselhamento: Tomou o rei Roboão conselho com os homens idosos que estiveram na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhais que se responda a este povo? Eles lhe disseram: Se, hoje, te tornares servo deste povo, e o servires, e, atendendo, falares boas palavras, eles se farão teus servos para sempre” (1 Reis 12.6-7).

O texto mostra o perigo de rejeitarmos completamente os conselhos dos mais vividos, em favor da insensatez de pessoas inexperientes. Muitos jovens seguem apenas as orientações de outros jovens, porque agradam às suas vaidades e incitam ao prazer. Mas isso é muito perigoso, pois normalmente os melhores amigos são os mesmos que na maioria das vezes levam à ruína.

O conselho da juventude foi oposto ao dos idosos. Roboão tinha dois caminhos diferentes a seguir: um o levaria a glória, o outro ao fracasso, e preferiu seguir o conselho que, em verdade, mais gostou de ouvir. Ele não era um jovem adolescente, pois tinha 41 anos idade como diz o texto: Roboão, filho de Salomão, reinou em Judá; de quarenta e um anos de idade era Roboão quando começou a reinar (...)” (1 Reis 14.12a). Nem tão pouco tomou sua decisão forçado pelo calor das emoções. Pelo contrário, foi uma decisão pensada, provavelmente com base no que ele imaginava ser o melhor. Talvez como muitos jovens igualmente façam hoje, quando rejeitam o CONSELHO DE QUEM JÁ VIVEU UM POUCO MAIS.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO

domingo, 4 de novembro de 2012

O ÚNICO REMÉDIO PARA O MEDO


“No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.”
(1 João 4.18)

Muitas pessoas vivem atormentadas por algum tipo de medo, quer seja medo da violência, medo de perder a pessoa amada, medo de perder os filhos, medo de perder o emprego, medo de perder o status social e medo até de engordar! Enfim, tudo a nossa volta contribui para manter situações que criam ambientes de medo.

Em busca de uma saída para esse problema, os estudos na área da psicologia tiveram grande impulso na sociedade moderna. Em casos mais graves, a conclusão é a de que o tratamento com base em medicamentos é o mais indicado para alguns problemas dessa natureza. Sem desconsiderar a contribuição de outras áreas interessadas na solução dessa problemática, queremos apresentar a resposta da Palavra de Deus para essa situação. Porém, diferentemente das terapias e intervenções médicas, o remédio aqui apresentado é acessível a todos, bastando haver uma predisposição no coração: estamos falando do amor.

O amor é algo indispensável para uma vida emocional equilibrada. O apóstolo João constatou esse amor personificado em Jesus. Sabia da importância de ter certeza do amor de Deus para conosco. Conhecia a origem desse amor e o valor do relacionamento com o Pai quando disse: E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele” (1 João 4.16). Só conhecendo a Deus podemos aprender a amar, e só no exercício desse amor podemos lançar fora nossos medos.

Mas como assim, “lançar fora os medos”? Quando entendemos a grandiosidade do amor de Deus, passamos a ter absoluta confiança nele. Só então compreendemos que tudo o que acontece conosco, em todo e qualquer momento, é o melhor de Deus para cada um de nós. Assim pensando, nada pode abalar o nosso equilíbrio emocional. Tudo estará sempre em uma esfera de paz, que transcende a todo o entendimento e circunstâncias. Essa confiança será sempre mais relevante do que a palavra cética do médico, ou do que o resultado apavorador de um exame, ou de uma gravidez não programada, ou de qualquer outra situação inesperada. Quando, de fato, temos certeza do amor de Deus, nunca ficamos atemorizados.

Dessa forma, a resposta às nossas ansiedades não está em correr a enfrentá-las, ou simplesmente correr delas. A melhor resposta ao medo é estar em plena comunhão com Deus, pois só o amor perfeito do Pai pode lançar fora as ansiedades. Toda vez que tirarmos o pensamento desse amor perfeito e incondicional, vamos temer diante dos desafios da vida. Pouco adianta a consulta feita a profissionais, de qualquer área da ciência humana, quando nosso coração não está inundado por Deus. Qualquer coisa feita sem esse elemento essencial será apenas agente paliativo, e não a verdadeira cura para a nossa mais íntima ansiedade. Não há outro remédio para os temores da vida, quando se está longe do Criador. Assim é que podemos afirmar ser o amor a Deus a verdadeira solução para as nossas ansiedades, por ser ele O ÚNICO REMÉDIO PARA O MEDO.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

OLHOS E JOELHOS NO LUGAR CERTO


“E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos.
Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.”
(Mateus 9.37,38)

Arregimentar novos trabalhadores para a obra do Senhor não é uma tarefa fácil. No entanto, apesar de difícil, é estritamente necessária, pois poucos jamais darão conta de atribuições tão abrangentes. As pessoas é que possibilitam a continuidade da obra, quando em número adequado para dividir tarefas, contribuindo para que ninguém se desgaste além do necessário. Essa não é uma constatação apenas de nossa parte, mas do próprio Jesus, como nos alerta o texto acima. Para alcançar os objetivos da vontade de Deus algo tem que ser feito. E nesse texto, como em outras passagens da Bíblia, Jesus nos orienta quanto à resposta.

O processo de formação dos trabalhadores começa na direção do olhar. Devemos tirar os olhos do chão (e de nós mesmos) e olhar para frente: Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa” (João 4.35). Precisamos perceber a realidade que nos cerca, ou seja, “sair do nosso mundo” para poder ver o mundo que está a nossa volta. Portanto, o processo começa com essa pequena atitude, que permite desencadear os demais passos do processo.

Ao nos depararmos com a grandiosidade da obra não devemos temer o projeto divino, pois nosso segundo movimento nesse processo não é com os olhos, mas com os joelhos. Precisamos apelar ao “dono da obra”! Mas atenção: não é apelar às pessoas, colocando nelas a culpa de não fazer o seu trabalho. Antes, porém, é rogar por auxílio ao Senhor da Seara, pois só Deus pode mobilizar o seu povo. Portanto, o nosso dever, após perceber a realidade que nos cerca, é simplesmente rogar pela misericórdia de Deus: “Rogai, pois, ao Senhor da seara (...)” (v. 38). E isso implica necessariamente em orar mais, e reclamar menos.

Quando a escolha das pessoas vem do Senhor suas atitudes são outras, pois há o sentimento de participação especial como sendo colaboradores na colheita de Deus. Haverá consciência da necessidade e da urgência da obra, pois todo o trabalho de colheita exige diligência e dedicação. Para que tudo seja colhido no devido tempo, sem perdas na produção, será ainda incutida a consciência de comprometimento, de uma responsabilidade pessoal com o projeto. E não termina aí. Quando o Senhor envia os trabalhadores há alegria na seara, pois mesmo semeando a duras penas, virá o regozijo na hora do desfrute, como diz o salmista: Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão” (Salmos 126.5).

Todos os que amam a Cristo (e ao próximo) devem clamar por esse auxílio de Deus na consecução da sua própria obra, principalmente em sendo a colheita tão grande e tão poucos os trabalhadores. Devemos, assim, rogar por pessoas competentes, fiéis, prudentes, operosas e dedicadas para nos auxiliarem no projeto que nos cabe liderar. Cristo nos orienta a orar, e Ele mesmo se encarrega de enviar o auxílio. Precisamos estar com os OLHOS E JOELHOS NO LUGAR CERTO, para que tenhamos grande colheita na geração sob nossa responsabilidade.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A COMPLEXA TAREFA DE EDUCAR PESSOAS


“Então, deixando-o, todos fugiram.”
(Marcos 14.50)

No dia 15 de outubro de 1827, Dom pedro I, Imperador do Brasil, baixou decreto imperial criando o ensino elementar no Brasil. Foi então estabelecido que "todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras". A partir dessa ideia, inovadora e revolucionária para a sua época, esperava-se um novo rumo para a educação no país. Porém, como todos sabemos, após tantos anos ainda hoje temos problemas estruturais nessa área fundamental para o desenvolvimento humano de uma nação.

Educar pessoas envolve variáveis complexas, exigindo do professor aptidões muito especiais para bem realizar tão sensível tarefa. Os métodos devem ser variados, respeitando as diferenças individuais de cada pessoa. Cada aluno é um universo específico, fruto de suas experiências pessoais, família, igreja, amigos e assim por diante. O educador precisa ser flexível em seus métodos de ensino, mudando-os sempre que achar conveniente para se adaptar às especificidades de cada aluno que lhe é confiado.

Na grande tarefa de educar não há melhor exemplo do que a formação dos discípulos de Jesus Cristo. Se pensarmos em alguém que dedicou toda a sua vida para transformar pessoas, Cristo é o nome. Ele soube aproveitar cada oportunidade que teve e usou todos os recursos disponíveis, como imagens do cotidiano para contar parábolas, ou até usar um barco, à beira da praia, para que a sua voz chegasse melhor à audiência. Seu objetivo? Levar gradualmente seus discípulos a conhecerem as verdades do Reino de Deus. Somando-se a isso, o seu amor e compaixão pelas pessoas foi sem igual. Assim, resultados espetaculares podiam ser esperados de seus seguidores. Porém, no primeiro grande teste a que foram submetidos – a prisão de Jesus – o resultado foi um desastre.

Se o Mestre dos mestres passou por uma situação como essa, o que esperar como simples educadores que somos? Jesus havia dedicado a sua vida em prol daqueles doze homens e, na hora que mais precisou deles, o que acontece? Todos fogem e o deixam sozinho. Sem a presunção de levantar a totalidade dos fatores que levaram a tal atitude, podemos tirar algumas lições desse episódio.

Primeiramente, em termos de educação não é garantido alcançar os resultados que desejamos, pois o processo depende de pessoas. Garantias podem existir em outros processos, quando se lida com coisas inanimadas, mas não quando envolve pessoas. Cada indivíduo carrega em seu íntimo um verdadeiro mar de segredos. É realmente muito difícil conhecer as pessoas como de fato elas são, ou agirão. Não se pode garantir se vão desistir – ou fugir, como no caso – na primeira dificuldade enfrentada. Todo educador precisa estar ciente dessa realidade.

Em segundo lugar, Deus não julga ninguém por situações isoladas. Por certo, um abandono como aquele poderia trazer implicações muito fortes na vida de um mestre, provocando inclusive traumas emocionais irreversíveis. Mas isso não cabe em se tratando do Mestre dos mestres. Deus não mede as pessoas por instantes de fraqueza vividos, mas pela peregrinação de toda uma vida cristã. Aquele episódio foi apenas uma página na vida dos discípulos. O Senhor Jesus continuou a sua jornada como educador de homens, e nunca desiste de nós. Deixou nas mãos dos seus discípulos aquilo que mais ama: o seu rebanho, a sua Igreja. Aqueles foram reprovados em uma prova, mas não na vida devocional, pois Jesus bem sabe avaliar A COMPLEXA TAREFA DE EDUCAR PESSOAS.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

LEMBRANÇAS AMARGAS SÃO LEMBRANÇAS QUE ENSINAM


“Então, sacrificarás como oferta de Páscoa ao SENHOR, teu Deus, do rebanho e do gado, no lugar que o SENHOR escolher para ali fazer habitar o seu nome.
Nela, não comerás levedado; sete dias, nela, comerás pães asmos, pão de aflição (porquanto, apressadamente, saíste da terra do Egito), para que te lembres, todos os dias da tua vida, do dia em que saíste da terra do Egito.”
(Deuteronômio 16.2-3)

Na medida em que os anos passam, experiências boas e negativas se somam à história de nossa existência. A maioria das pessoas, se pudesse, guardaria apenas as suas boas lembranças, esquecendo-se completamente daquelas que não lhe são nada agradáveis. Por certo, todos jogariam fora tudo o que possa lembrar os momentos mais difíceis. O texto de hoje nos leva a meditar em outra dimensão, mostrando que o próprio Deus não tem interesse em apagar da nossa memória as lembranças amargas da vida. Ao contrário, o SENHOR utiliza-se dessas lembranças ruins como elementos importantes para o nosso crescimento espiritual. No intuito de marcar na alma os tempos difíceis que o seu povo passou no Egito, Deus institui a Páscoa, a fim de jamais esquecerem a sua Graça, passando isso a ser uma tradição por todos os demais dias das suas vidas.

O povo de Deus deveria manter sempre na lembrança a sua condição anterior à libertação do Egito: agora eram livres, mas antes foram escravos. Essa mudança extraordinária não foi conquistada por mérito próprio, mas sim dada graciosamente por Deus. Não fosse a bondade de Deus, que ouviu seus clamores, jamais teriam saído da escravidão. É certo que não mais teriam a estrutura que uma cidade organizada dispõe, pois havia um deserto a ser percorrido pela frente, até à terra prometida. Mas a grande diferença estava na condição de que não eram mais escravos, mas povo livre pelo poder de Deus. Deveriam considerar que o estado de penúria por que passavam agora não era o fim, e um recomeço. Afinal saíram do Egito praticamente sem nada, mas o seu bem mais precioso estava com eles: o próprio Deus, que prometera, no tempo certo, fazer deles uma grande nação.

Mas poderíamos questionar se, ainda hoje, existe realmente algum benefício em lembrar as experiências dolorosas do nosso passado. Saibamos de uma coisa: se há tantas pessoas ingratas é porque fazem de tudo para negar o seu passado. Assim, elas buscam esquecer suas lutas e se tornam orgulhosas em si mesmas. Reclamam de tudo – da chuva (e da falta dela), da comida, da igreja, dos líderes, dos próprios irmãos que Deus tão graciosamente coloca ao seu lado... Outros reclamam do seu trabalho, enquanto muitos gostariam de ter a oportunidade de ter um; mães reclamam dos filhos, enquanto muitas mulheres não realizam o sonho de ser mãe. Quando esquecemos a nossa verdadeira condição espiritual, nosso coração se torna ingrato e cultivamos uma vida cheia de reclamações. Só a gratidão gera o reconhecimento pelas experiências vivenciadas. Para ser grato, porém, é preciso estar disposto a lembrar de que a nossa condição hoje poderia ser muito pior.

Como Igreja, nunca podemos esquecer o sacrifício que o Senhor Jesus já fez por nós. Devemos lembrar que, por um ato do amor incondicional de Deus, já não somos mais escravos do pecado, nem do mundo. Essa liberdade, porém, não foi conquistada por nossos próprios méritos, mas nos foi dada graciosamente. Saibamos entender que Deus utiliza traumas do passado em nosso crescimento espiritual. Devemos aceitar que as LEMBRANÇAS AMARGAS SÃO LEMBRANÇAS QUE ENSINAM a desenvolver em nós o dom da gratidão, tão necessário para termos uma vida melhor.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A CHAVE PARA UMA VIDA VITORIOSA


“Quem dera que eles tivessem tal coração, que me temessem e guardassem em todo o tempo todos os meus mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos, para sempre!”
(Deuteronômio 5.29)

A revelação da vontade de Deus na Bíblia é a chave preciosa para a nossa felicidade. A manifestação da sua vontade é sempre para o nosso próprio bem. Eis a razão pela qual devemos ficar atentos à sua Palavra.

Encontramos no versículo acima uma das mais emocionantes passagens do Livro de Deuteronômio. Podemos, nesse texto, sentir exatamente aquilo que está no coração do próprio Deus, expressão clara da sua vontade para o nosso bem. Seu desejo é que nosso relacionamento com Ele não seja obrigatório quando diz: "Quem dera que eles tivessem tal coração, que me temessem e guardassem (...)”; e também que seja contínuo, "(...) em todo o tempo todos os meus mandamentos (...)”. Finalmente que possa ser uma benção duradora para todas as gerações, “(...) para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos, para sempre!”.

Tudo é muito exato nessa passagem, quanto ao que precisamos para uma vida bem sucedida. Quando mantemos a obediência fiel à Lei de Deus asseguramos o nosso bem-estar. Esse estado de espírito abençoado não é algo provisório, mas permanente e duradouro, trazendo tranquilidade não só individualmente, mas também para toda a nossa família. Qual, porém, é a dificuldade em cumprir esse ideal? A chave do desafio está logo ao início do versículo: por meio de uma obediência voluntária e prosseguindo em obediência continuada.

A falta de disposição prévia para cumprir a Lei de Deus constitui o verdadeiro pecado do homem. Deus sabe que, como humanos, somos incapazes de seguir fielmente as suas ordenanças, mas espera de nós a voluntária vontade para tal. É, portanto, desse pecado – da deslealdade – que os homens são chamados a se arrepender: Portanto, eu vos julgarei, a cada um segundo os seus caminhos, ó casa de Israel, diz o Senhor Deus. Convertei-vos e desviai-vos de todas as vossas transgressões; e a iniqüidade não vos servirá de tropeço” (Ezequiel 18.30).

Deus, em seu infinito e misericordioso amor, oferece ao transgressor da sua Lei, se arrependido, gracioso perdão, permitindo a continuidade dessa benção quando diz por meio do apóstolo de Jesus – Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar” (Atos 2.38-39).

Ao sermos perdoados recebemos nova vida. O poder do Espírito Santo reestabelece e restaura a nossa natureza desorganizada pelo pecado. É a partir dessa nova vida que vamos desfrutar das bênçãos prometidas nessa passagem. Somos vitoriosos não apenas por nossas práticas religiosas, mas principalmente porque fomos transformados por Deus. Portanto, precisamos ser humildes, tomar consciência das nossas limitações e suplicar a sua graça. No mais, é seguir ​​em obediência voluntária e contínua, sob a força de Cristo, que cancela toda a culpa do passado, criando uma nova vida que agora tem A CHAVE PARA UMA VIDA VITORIOSA.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

DEUS QUE PERDOA, RESTAURA E ABENÇOA


“As eiras se encherão de trigo, e os lagares transbordarão de vinho e de óleo. Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros.”
(Joel 2.24-25)

A vida nem sempre é feita só de vitórias; muitas vezes perdemos algumas lutas também. E as nossas vitórias acontecem não por nossos próprios méritos, mas sim porque temos um Deus soberano, que não nos deixa perder. Ao não sermos vencidos nas lutas da vida, assim acontece pela grandeza de nosso Deus, e não por nossa própria grandeza.

O texto de hoje marca o limite entre a derrota e a vitória. As palavras do profeta Joel são a certeza da intervenção de Deus em um tempo de dor e sofrimento. A mensagem trouxe esperança às pessoas que sofreram perdas e muitas provações: uma guerra depois da outra, agressões sistemáticas, inimigos de todos os tipos, cidades continuamente destruídas, saques constantes, calamidades naturais, falta de chuva e ainda pragas de gafanhotos. Esse cenário de destruição, com perdas por todos os lados, tira toda esperança do povo.

Em tempos de crise, no entanto, o importante é pensar que perdemos muito mais do que apenas coisas materiais. No contexto dessa passagem, Israel tinha tido perdas materiais, espirituais e emocionais. O que vemos nesses versículos é reflexo de algo maior: – quando Deus nos fala em restituição há que ser considerado esses três aspectos.

A restituição material é descrita como a renovação da fertilidade do solo e o retorno das chuvas na medida certa: Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regozijai-vos no Senhor, vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva; fará descer, como outrora, a chuva temporã e a serôdia (v. 23). Com isso Ele supre, com fartura, a necessidade de alimentos  do povo: “e, respondendo, lhe disse: Eis que vos envio o cereal, e o vinho, e o óleo, e deles sereis fartos, e vos não entregarei mais ao opróbrio entre as nações” (v. 19).

A restituição espiritual acontece por intermédio da genuína conversão. Assim, o povo recebe o perdão de Deus: Então, o Senhor se mostrou zeloso da sua terra, compadeceu-se do seu povo” (v. 18). Ou seja, fica marcado o reinício de um relacionamento justo e correto com o Senhor, com base no cancelamento de todos os débitos por pecados. Poderiam agora tê-lo como seu único Deus verdadeiro, recebendo os benefícios da sua comunhão plena, como nunca antes experimentado: Sabereis que estou no meio de Israel e que eu sou o Senhor, vosso Deus, e não há outro; e o meu povo jamais será envergonhado” (v. 27).

Finalizando o processo, a restituição da paz e da segurança. O Senhor Todo-Poderoso promete devolver a paz e a segurança para o seu povo, intervindo diretamente contra os inimigos de Israel: Mas o exército que vem do Norte, eu o removerei para longe de vós, lançá-lo-ei em uma terra seca e deserta; lançarei a sua vanguarda para o mar oriental, e a sua retaguarda, para o mar ocidental; subirá o seu mau cheiro, e subirá a sua podridão; porque agiu poderosamente” (v. 20). Só o Senhor pode dar paz e segurança ao nosso coração. Portanto, quando pensarmos em restituição, não devemos focar apenas nas coisas materiais, mas sim lembrar que cremos no DEUS QUE PERDOA, RESTAURA E ABENÇOA.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAUJO

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

NADA MENOS DO QUE DEUS, NADA MAIS DO QUE ELE


“Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?”
(Salmos 42.1-3)

Os atrativos desse mundo tem ganhado espaço no coração do homem, na sua busca por ocupar um vazio, que em verdade só pode ser preenchido por Deus. Rodeada de opções, a humanidade aparentemente já não sente mais saudades de Deus. O deus desse mundo – com “d” minúsculo mesmo – se encarrega de mascarar a nossa fome e a nossa sede daquilo que transcende a todo o entendimento, nos oferecendo tudo o que de material está à nossa disposição, sempre ao gosto do consumidor.

No texto de hoje estamos diante de outra realidade. Para aqueles que de fato amam a Deus as aspirações e desejos são diferenciados. Em vez de desejar as coisas do mundo, a vontade desses é estar na presença de Deus. O salmista compara esse desejo ao de um namorado apaixonado, que não vê a hora de encontrar-se novamente com a pessoa amada. Ele reforça a mensagem com a imagem de uma corça sedenta no deserto, que deseja ardentemente os ribeiros de águas. Em João 7.37-38 Jesus promete que para aqueles que virem a Ele, e beberem da sua fonte, fluirão ribeiros de água viva em seus corações. Isto ele disse em relação ao Espírito que haveriam de receber os que nele cressem (João 7.39a).

O desejo por Deus deve ser concretizado de uma forma prática e objetiva, sendo essa a motivação do salmista ao perguntar: quando irei e me verei perante a face de Deus?” A ausência de Deus lhe causa tristeza e dor: “As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite” (Salmos 42.3a).

Aqueles que realmente amam a Deus não encontram descanço em outra coisa, a não ser Nele (v. 2b): “O desejo de Davi é muito maior do que tinha pelas águas do poço de Belém”. Ele compara a sua respiração ofegante como a de um cervo. Ou melhor, de uma corça, porque o verbo no original está na forma feminina, e  dizem que a fêmea tem mais sede do que o macho. A sede da corça é aumentada quando ela corre para escapar dos caçadores, como parece ser a situação no caso indicado.

Mas afinal quando, de fato, sentiremos essa sede da presença de Deus? Será que apenas quando formos privados da oportunidade, como no caso de Davi? Note-se que muitas vezes Deus nos ensina o valor das coisas pela falta delas, e estimula o apetite dos meios de graça pela impossibilidade de dispor dos mesmos.

Nossa oração deve expressar um desejo ardende para que, de fato, venhamos a nos curar desse fastio, ou seja: uma certa apatia por tudo o que se relaciona ao SENHOR. Que possamos encontrar em Deus, no seu Espírito Santo que habita em nós, o ribeiro de água viva, para podermos dizer que desse mundo queremos apenas NADA MENOS DO QUE DEUS, NADA MAIS DO QUE ELE.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

sábado, 8 de setembro de 2012

DEUS NUNCA SE ESQUECE DE VOCÊ


“Entretanto, o barco já estava longe, a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário.
Na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando por sobre o mar.”
(Mateus 14.24-25)

Muitas pessoas sofrem em decorrência clara da desobediência a Deus. A denominada lei da semeadura é implacável, sendo sempre aplicada no seu devido tempo, custe o que custar: Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6.7). Por outro lado, devemos admitir que as lutas não são exclusividade dos desobedientes. Podemos estar passando por elas mesmo quando seguimos as orientações do Senhor.

Os discípulos tinham recebido instruções do Mestre para passar ao outro lado do mar: Logo a seguir, compeliu Jesus os discípulos a embarcar e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões” (Mateus 14.22). Ao obedecerem esta ordem encontram pela frente um mar agitado, causando-lhes muita preocupação. Considerando o momento em que Jesus os deixou Em caindo a tarde (...)” (v. 23b), até a sua chegada “Na quarta vigília da noite (...)” (v. 25a) (a quarta vígilia era o período que se extendia de três às seis da manhã), é possível estimar que os discípulos tenham passado pelo menos nove horas na água, tentando fazer uma viagem que em situação normal duraria no máximo uma hora.

A inevitável pergunta que surge em circunstâncias como essas é clara: como isso pode acontecer com alguém que está servindo a Deus? Tudo o que eles estavam fazendo ali era o que o próprio Cristo lhes havia ordenado. No entanto encontram pela frente um mar agitado e Jesus não aparecia para ajudá-los. O cansaço logo toma conta, pois afinal o esforço é grande para vencer as dificuldades, e a demora do socorro leva à exaustão física emocional.

Para entender essas situações devemos compreender, definitivamente, que os verdadeiros caminhos de Deus não são necessariamente os nossos caminhos. O Senhor, por certo, queria ensinar algo e, assim, recusou intervir na situação. A intervenção imediata em alguns problemas pode não ser o melhor remédio. Algumas vezes precisamos ser treinados em meio a crises, pois são exercícios necessários para nos tornarmos melhores e mais fortes.

Por outro lado precisamos aprender o quanto somos limitados diante de certas situações, não importa qual seja. Mas na verdade Deus nos socorrerá na hora certa, tirando proveito de todas as circunstâncias para nos ensinar os seus caminhos. O apóstolo Paulo afirmou que Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8.28).

A lição de Jesus foi clara: mesmo com vento contrário e o barco atingido por ondas, eles não deveriam voltar atrás. Assim, apesar das dificuldades, eles perseveram em cumprir a ordem de Jesus, pois há sempre um alvo no “(...) outro lado (...)” (v. 22) das travessias adversas. Mesmo com as dificuldades no cumprimento daquela ordem, não deviam permitir que lhes tirassem a vontade de lutar. Se algum dia você pensar que todos te abandonaram, isso pode ser possível; mas você não estará absolutamente sozinho, pois DEUS NUNCA SE ESQUECE DE VOCÊ. Ele sempre te observa do alto e, na hora certa, chega com o socorro.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

domingo, 2 de setembro de 2012

CHAMADOS PARA SER DIFERENTES


“No sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.”
(Efésios 4.22-24)

A falta de evidências da verdadeira conversão, entre aqueles que professam crer no Senhor Jesus, foi e continua sendo uma preocupação da Igreja do Nosso Senhor e Salvador nos tempos atuais. Muitas vezes encontramos pessoas que frequentam igrejas há anos, cujo comportamento, porém, está longe do que se espera de um servo de Deus. A resistência à mudança soa como um ato de desobediência, já que fomos instruídos pelo próprio Cristo sobre a necessidade de mudar. Dessa forma, o Mas não foi assim que aprendestes a Cristo (Efésios 4.20) denuncia o ato de desobediência deliberada, ressaltando a ruptura radical que deve existir entre o “antes” e o “depois” de Cristo na vida dos convertidos. Nas palavras do apóstolo Paulo, isso é comparado a um “despir-se” e logo depois “revestir-se”. Dentro desse contexto, espera-se que a mudança seja perceptível entre o “outrora” e o “agora”.

Biblicamente, todo convertido “morre” para sua vida anterior, “despindo-se do velho ser humano”. Portanto, espera-se que, como afirma a Palavra, Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” (Rm 6.11). Essa forma de encarar a fé inevitavelmente torna-se visível em determinados comportamentos. Em virtude disso é que surge o imperativo de Paulo para “que vos dispais do velho ser humano conforme o modo de vida passado”. Quando o apóstolo usa a metáfora “despir” e “vestir”, fala de algo que deve acontecer na vida de todo novo convertido, individualmente. Escrevendo aos romanos, Paulo fala de “despir-se das obras das trevas”. Utiliza também uma linguagem figurada ao dizer que Vai alta à noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz” (Romanos 13.12). Mas, afinal, que obras das trevas são essas a que o apóstolo se refere?

Por certo, ele reitera o que já havia dito aos irmãos da igreja em Colossos – Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Colossenses 3.8-10). Portanto, as trevas são a ira, rancor, maldade, maledicência, palavras obscenas e mentiras.

O livramento dessas posturas e atitudes é possível porque uma transformação fundamental ocorre antes: o “despir-se do velho ser humano”, juntamente com tudo que o acompanhava. Em vez de manter os comportamentos anteriores à conversão, o discípulo de Cristo deve andar na verdade, com ternura, generosidade, proferindo palavras de edificação e carinho. Isso somente é possível devido à ação renovadora do Espirito Santo: “e fostes renovados no espírito do vosso entendimento”, ressalta Paulo. O “novo espírito” é o Espírito Santo de Deus, que preenche nossas vidas. Ele renova os sentidos, o coração e a razão dos crentes, gerando a consciência de que fomos CHAMADOS PARA SER DIFERENTES.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

QUEM AMA ENTREGA SEMPRE O QUE TEM DE MELHOR


“E dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o Senhor dos Exércitos; vós ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria eu isso da vossa mão? — diz o Senhor”.
(Malaquias 1.13)

Será, de fato, que amamos verdadeiramente a Deus sobre todas as coisas? Sabemos que não dá para penetrar no profundo do coração humano, para de lá extrair essa verdade. Mas a qualidade da adoração e serviço pode fornecer pistas preciosas a esse respeito. Como nos tempos de Neemias, vivenciamos uma sociedade cansada de Deus, que tende a oferecer a Ele sempre o pior, mesmo quando diz que o ama muito. Quanto ao amor de Deus por seu povo nada se pode questionar: “Eu vos tenho amado, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o Senhor; todavia, amei a Jacó (Malaquias 1:2). O seu amor é demonstrado, e não apenas afirmado. Já o amor de Israel por Deus infelizmente não é o mesmo, como se verifica no texto da nossa reflexão. A deficiência é sintomática, apontando para um distanciamento de Deus, que se manifesta de duas formas, como veremos a seguir.

Primeiramente, pelo desprezo deliberado. Um estado de indiferença sempre surge quando não estamos mais interessados por algo. Partindo desse pressuposto, o que estava acontecendo naquela época era muito grave. O povo tinha perdido o interesse por aquele que os tinha libertado e mantido ao longo de toda a sua existência até então. Imaginemos a situação como se, inicialmente, o nosso coração sentisse prazer em estar na presença de Deus e dos nossos irmãos. Mas, com o passar do tempo, as coisas fossem mudando. Decepções com pessoas acontecendo, ou simplesmente a incapacidade de ver um sonho realizado, lentamente fossem transformando a nossa paixão. Com isso, poderia ser estabelecido em nossos corações um estado de absoluta indiferença. Não teríamos mais nenhum prazer naquilo que devêssemos fazer e, com isso, deixaríamos de valorizar as graças recebidas, redundando numa segunda postura: a de dar o pior de nós para a obra.

Em segundo lugar, pela qualidade da oferta. Como resultado da sua indiferença por Deus, o povo oferece agora o pior daquilo que tem. Malaquias concentra seu ataque nos sacerdotes de Israel. Eram eles os responsáveis por inspecionar todos os sacrifícios, a fim de evitar que os animais fossem oferecidos cegos, coxos ou doentes (Levítico 22.17-25). Deus espera sempre o melhor de nós. Esse princípio é vital para o entendimento da passagem. Todos somos sacerdotes em Cristo Jesus e, portanto, responsáveis por trazer nosso melhor "sacrifício espiritual” ao Senhor: também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1 Pedro 2.5). O que são esses sacrifícios? Nossos corpos (Romanos 12.1-2), nossas ofertas (Filipenses 4.14-18), nosso louvor (Hebreus 13.15), nossas boas obras (Hebreus 13.16) e as almas que ganhamos para Cristo (Romanos 15.16). Fica a pergunta: estamos realmente entregando o nosso melhor, ou apenas aquilo que nos é mais conveniente? Não devemos nunca esquecer que QUEM AMA ENTREGA SEMPRE O QUE TEM DE MELHOR.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

RECEITA PARA UM MUNDO MELHOR


“Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.”
(Mateus 5.13)

Todos nós sonhamos com um mundo melhor. Mas o que muitas vezes não entendemos é que nós temos um papel fundamental nessa visão. Na mensagem de Jesus, cumprir o nosso papel nessa empreitada é uma questão vital. O mundo se tornará suportável ou não, para nós mesmos, a partir da nossa própria vida. Caso não consigamos cumprir essa missão seremos os maiores prejudicados, pois, sendo lançados fora do plano divino, passamos a ser tratados como uma coisa sem nenhum valor na terra. E essa, por certo, é a mais dura realidade da vida espiritual.

Segundo as palavras de Jesus, devemos desempenhar uma influência vital sobre o mundo. Para explicar essa relação, Cristo toma por base o modelo da ação do sal nos alimentos. Ele aproveita algo que era bem conhecido entre os judeus para explicar a relação do crente com o mundo. O sal tinha duas funções principais: dar sabor e preservar os alimentos. O sal utilizado pelos judeus era encontrado no Mar Morto; apesar de não ser puro, devido à mistura com outros minerais, era acessível a todos. Ao fazer essa comparação, Jesus quis ensinar coisas muito importantes na vida, que todos nós, cristãos, devemos considerar.

A primeira delas é que o sal se mantém totalmente íntegro, independente da comida. Apesar de não ser mais possível vê-lo, depois de acrescentado, podemos identificar com clareza a sua presença na mistura. Não é a comida que dá sabor ao sal, mas sim o contrário. Aprendemos com a lição de Cristo que seus discípulos devem ter uma vida distinta do mundo. Quando participamos de alguma atividade, onde há contato direto com pessoas não crentes, devemos ser distinguidos claramente por intermédio do nosso comportamento e princípios. Em nenhum momento devemos adquirir o “sabor do mundo”. Antes, ao contrário, o mundo deve adquirir sabor através da nossa presença. Como o sal, devemos nos “diluir” na vida, fazendo com que Cristo se torne visível por intermédio de nós.

Também aprendemos na lição de Cristo que a influência do sal se dá naturalmente ao ser misturado com os alimentos. Na verdade não há uma reação química que produza o sabor salgado. O sal continua sendo sal, e o alimento também: o sabor se dá simplesmente pela presença do sal na mistura. Devemos entender com isso que a nossa presença é modificadora, bastando para isso sermos “o sal da terra”. Nossa importância está no que realmente somos e representamos, e o nosso foco deve se assentar sempre nesse princípio básico.

Podemos depreender ainda que há uma dosagem certa de sal a ser colocada nos alimentos. Pouco sal não tempera, muito a inutiliza. Do mesmo jeito, a nossa presença no mundo dever ser na dosagem certa. Essa presença pode trazer benefícios, mas também prejuízos. Podemos até afastar as pessoas, se a nossa “influência” não for bem dosada.

Finalmente, o exemplo do sal como conservante de alimentos, em especial a carne, nos faz pensar que a Igreja de Jesus Cristo na terra é fundamental para preservar a vida no mundo caído, em sua inevitavél decomposição. Devemos ser a ação redentora de Deus! Assim, sendo “o sal da terra”, por certo comporemos a RECEITA PARA UM MUNDO MELHOR.

Rev. JOÃO FIGUEIREDO DE ARAÚJO